A INTERDIÇÃO E A VERGONHA NO TESTEMUNHO DE PIERRE SEEL, HOMOSSEXUAL E SOBREVIVENTE DA BARBÁRIE NAZISTA
DOI:
https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2023v14n2p156-174Palavras-chave:
testemunho, nazismo, homossexualidade, denegação, vergonhaResumo
Este artigo versa sobre o testemunho mobilizado por Pierre Seel, um homossexual francês deportado para o campo de Schirmeck-Vorbrüch, em função de sua orientação sexual. Em Eu, Pierre Seel, deportado homossexual, nota-se a emergência da denegação discursiva (ROBIN, 2016), envolta a uma impossibilidade de formulação da rememoração, uma vez que a intolerância perante a homossexualidade se estende após a Segunda Guerra Mundial. Os eixos teóricos contemplados partem de discussões a respeito da teoria do testemunho (SELIGMANN-SILVA, 2022), em fricção com o trabalho de Mariani (2021), voltado para analisar escritas da violência, em uma chave discursiva e psicanalítica.
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