O PROTAGONISMO INFANTIL NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS INDÍGENAS
reflexões a partir do documentário Waapa / povo Yudjá
DOI:
https://doi.org/10.20873/rtg.v12i26.15403Palavras-chave:
infância, decolonialidade, gêneroResumo
A criança, independente das diferenças socioculturais, de gênero ou qualquer outro dispositivo discriminador, deve ter seus direitos como cidadãos respeitados e preservados. O projeto violento e opressor do colonialismo resultou na ruptura dos povos originários com a sua cultura, visto que ao longo desse processo foi consolidado um modelo universal de características europeias. Deste modo, o presente trabalho busca caracterizar a infância indígena com base na teoria decolonial, a partir da discussão do documentário Waapa. Para tanto, o documentário foi analisado a partir da técnica de análise de conteúdo temática proposta por Bardin. Foram criadas três categorias norteadoras da discussão: Natureza, Gênero e Cultura. Foi possível observar as particularidades das vivências indígenas na infância e o modo como a cultura e os elementos da natureza se relacionam com os marcos do desenvolvimento infantil, bem como, a formação social e humana de cada criança. Ficou evidente ao longo das cenas o protagonismo infantil, entendendo a criança como sujeito participativo, ativa em suas relações sociais e interações, propondo uma noção de infância mais diversa e que ganha espaço e visibilidade. Ressalta-se que é necessário o olhar do giro decolonial para que se possa compreender a singularidade e sentimento de infância de cada povo.
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