QUINTAL AGROECOLÓGICO
memórias de subsistência, relações de gênero e descolonização de práticas educativas
DOI:
https://doi.org/10.70860/rtg.v13i30.17656Palavras-chave:
quintal, agroecologia, memórias, descolonização, economia dos comunsResumo
Os quintais onde muitos de nós cresceu sempre representou a base de subsistência de uma família numerosa, bem como de apoio, tanto na alimentação quanto no abrigo dos demais familiares e vizinhos, que juntos criavam mecanismos de sobrevivência em meio a pobreza extrema. Além disso apresentamos como as relações de gênero estavam estabelecidas naquele contexto. Junto com as memórias de cultivo de alimentos variados e brincadeiras de infância, o nosso quintal também guarda saberes sobre a luta do povo negro por alimentação desde o período da escravidão, revelando uma economia dos comuns (Laval e Dardot, 2015). Entretanto, esses conhecimentos não são ensinados na escola como parte da história e cultura afro-brasileira de acordo com a Lei 10.639/2003. A proposta deste trabalho é apontar os caminhos para que os quintais agroecológicos sejam, para além de meio de subsistência, ferramenta pedagógica, contribuindo para a descolonização dos corpos e das mentes de brancos e negros, e desconstruindo a inferiorização que nos é atribuída.
Referências
AGUIAR, V. G. de et all. Tecnologias sociais no território comum: Articulação institucional e inclusão social no Quilombo Grotão. Revista da ABPN. V. 12, n. Ed. Especial – Caderno Temático: “Geografias Negras”. Abril de 2020, p. 336-360 DOI: https://doi.org/10.31418/2177-2770.2020.v12.c1.p336-360
BARROS, Ricardo Paes de; HENRIQUES, Ricardo; MENDONÇA, Rosane. A estabilidade inaceitável: desigualdade e pobreza no Brasil. In: HENRIQUES, Ricardo (Org). Desigualdade e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2000a. p. 21-47.
BRASIL. LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira. Acesso em 15/05/2023.
BOURDIEU, P. A ilusão biográfica. In: AMADO, J. e FERREIRA, M. de M. Usos e abusos da história oral. (8ª edição) Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, p. 183-191.
CARNEY. J. A. Subsistence in the Plantationocene: dooryard gardens, agrobiodiversity, and the subaltern economies of slavery. The Journal of Peasant. 2020. DOI: https://doi.org/10.1080/03066150.2020.1725488
CORIAT, B. Le retour des communs: sources et origines d’un programme de recherche. Revue de la régulation. Revue da la régulation: capitalisme, institutions, pouvoirs. 2e semestre - Autumn, 2013. Disponível em: http://journals.openedition.org/regulation/10463. DOI: https://doi.org/10.4000/regulation.10463
CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia: alguns conceitos e princípios. Brasília DF: ministério do Desenvolvimento Agrário – Secretaria da Agricultura Familiar – DATER: IICA, 2004.
CHAYANOV, Alexander V. Sobre la teoría de los sistemas económicos no capitalistas. Cuadernos Políticos, número 5, México D.F., Julio-septiembre de 1975, pp. 15-31
DARDOT, P; LAVAL, C. Comum: ensaio sobre a revolução no século XXI. São Paulo: Editora Boitempo, 2016.
EVARISTO, C. Escrevivência – a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo / organização Constância Lima Duarte, Isabella Rosado Nunes ; ilustrações Goya Lopes. -- 1. ed. -- Rio de Janeiro : Mina Comunicação e Arte, 2020.
FERREIRA, H. P.; FILHOTE, M. I. F.; HAIKEL, S.; NORONHA, C.; CARVALHO, T. A. Monitoramento dos riscos e efeitos a saúde de agentes comunitários expostos ocupacionalmente aos organofosforados. Estudo ocupacional, clínico e neuropsicológico. Caderno de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, 2000.
GOMES, N. L. O combate ao racismo e a descolonização das práticas educativas e acadêmicas. Rev. Filos, Aurora, Curitiba, V. 33. DOI: https://doi.org/10.7213/1980-5934.33.059.DS06
HIRATA, Helena. KERGOAT, Danièle. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, set./dez. 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-15742007000300005
HECHT, S.B. A evolução do pensamento agroecológico. In: ALTIERI,M.A. (ed.). Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. Rio de Janeiro: PTA/FASE, 1989.
HENRIQUES, Ricardo. Desigualdade racial no brasil: evolução das condições de vida na década de 90*. IPEA, Rio de Janeiro, 2001.
IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar Contínua 2021. Nota: Valores deflacionados para reais médios de 2021.
KILOMBA, G. Memórias da plantação- episódios de racismo cotidiano.1ª ed. Rio de Janeiro: Cogogó, 2019. DOI: https://doi.org/10.62516/terra_livre.2020.1847
LIMA, L. S. Oportunidades Desiguais e Trajetórias Excepcionais: Percurso Escolar de Jovens Negras e Negros Moradores da Zona Rural na Educação Básica no Recôncavo da Bahia. Tese de doutorado. Universidade Federal da Bahia, 2022.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. de. Pesquisa em Educação: Abordagens qualitativas.
ed. São Paulo: EPU, 1986.
LEVIGARD, Y. E.; ROZEMBERG, B. A interpretação dos profissionais de saúde acerca das queixas de "nervos" no meio rural: uma aproximação ao problema das intoxicações por agrotóxicos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, nov./dez, 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2004000600008
LOURENÇO, R. C. Discussão sobre o risco das interações de agrotóxicos na dieta brasileira. 2003. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo.
MEMMI, Albert. Retrato do colonizado precedido de retrato do colonizador.(Parte 2 – ponto 1). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
MINAYO, M. C. de S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
MONTAGNER, Miguel Angelo. Trajetórias e Biografias notas para uma análise bourdieusiana. Sociologias, Porto Alegre, ano 9, nº 17, jan./jun. 2007, p. 240-264. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-45222007000100010
OLIVEIRA, Marcelo de Jesus de. Considerações teórico conceituais inerentes à escrevivência evaristiana em Becos da Memória (2017). Dissertação de mestrado. UFT, Porto Nacional,2021.
PARENTE, T. G. Desenvolvimento regional na perspectiva de gênero. Projeto História, São Paulo, n. 45, pp. 269-284, Dez. 2012.
PERES, F. É Veneno ou é Remédio? os desafios da comunicação rural sobre agrotóxicos, 1999. Dissertação de mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz.
RAMOS, D. V. et all. Geopolítica das Usinas Hidrelétricas, Lutas por re- existência e Pedagogias da colonialidade na Amazônia do Tempo Presente. História do tempo presente na Amazônia. Vol. 3. Boa Vista: Editora da UFRR, 2020, pp. 263-286.
RAPOZO, Bruna Maria da Silva. Quintais agroecológicas e soberania alimentar na agricultura camponesa do sertão do Pajeú, Pernambuco. RPPR – Rio de Janeiro – vol. 5, nº 2, maio a agosto de 2018, p. 194 – 215.
RIGON, S. A. et al. (Orgs). Soberania e segurança alimentar na construção da agroecologia: sistematização de experiências. Grupo de Trabalho em Soberania e Segurança Alimentar da Articulação Nacional de Agroecologia - GT SSA/ANA. 1. ed. Rio de Janeiro: FASE, 2010.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único e consciência universal. 6ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
SILVA, P. P. et all. Minha a comunidade é agroecológica. Goiânia: Kelps, 2020.
SOARES, Conceição. A economia dos comuns e a co-criação de valor: O caso da Enspiral. JOURNAL OF STUDIES ON CITIZENSHIP AND SUSTAINABILITY. Institute of Sociology, University of Porto, 2020.
SCHMIDT, M. L. G.; GODINHO. P. H. Um breve estudo acerca do cotidiano do trabalho de produtores rurais: intoxicações por agrotóxicos e subnotificação. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 31, n. 113. 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S0303-76572006000100004
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Tocantinense de Geografia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A Revista Tocantinense de Geografia não remunera nenhum autor pela publicação de seus textos. Os conteúdos dos textos publicados neste periódico são de responsabilidade de seus autores.