A LETRA DE CANÇÃO COMO COMPONENTE DE UM COMPLEXO SEMIÓTICO

ALGUNS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E UMA PROPOSTA DIDÁTICA

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2023v14n1p92-110

Palabras clave:

gêneros, canção, semiótica, complexo semiótico

Resumen

Partindo do pressuposto de que poemas e letras de canção habitam universos semióticos, práticas discursivas e sociais e esferas de comunicação diferentes, entre outras características, este artigo propõe abordagens teóricas e práticas para o trato didático-pedagógico das letras de canção, aproveitando-as em todas as suas possibilidades resultantes do diálogo que estabelecem com os elementos constitutivos dos gêneros da canção, como a melodia, a harmonia, o ritmo, o arranjo e o próprio estilo musical escolhido. Para tanto, estabelecemos algumas diferenças relevantes entre as duas manifestações e propomos uma análise de Cotidiano, composição de Chico Buarque, que reputamos modelar para a demonstração do diálogo intersemiótico entre os planos lírico e musical. As ideias aqui presentes se apoiam, em parte, em reflexões anteriores desenvolvidas em artigos de Conforte (2010; 2016; 2019) e Dolz & Schneuwly (1998/2016) e em obras de referência sobre o assunto, mas também de discussões pessoais realizadas entre os autores deste artigo, que, não obstante divergências pontuais, convergem no entendimento de que a abordagem didática da letra de canção não como um elemento isolado da canção de que faz parte, mas como parte do complexo semiótico que a canção constitui, é fundamental para a prática do professor em sala de aula.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Joaquim Dolz, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra

Doutor em Ciências da Educação – Didática das línguas. Docente na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra. E-mail: joaquim.dolz-mestre@unige.ch. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1488-0240. 

Citas

AGUIAR, Joaquim. A poesia da canção. Col. As Margens do Texto.São Paulo: Scipione, 1998.

ALONSO, Dámaso. Poesia espanhola: ensaio de métodos e limites estilísticos. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1960. Ediciones Catedra: Madrid, 1975.

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discurso: por um interacionismo socio-discursivo. Tradução Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. 2. ed. São Paulo: EDUC, 1999/2009

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento humano. Tradução Anna Rachel Machado, Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Campinas-SP: Mercado das Letras, 2006a.

BUARQUE, Chico, A dubla vida de Chico. Entrevista com Chico Buarque. Revista Língua Portuguesa. n. 8. São Paulo: Editora Segmento. Junho de 2006.

CARRETER, Fernando Lazaro; CALDERÓN, Evaristo Correa. Cómo se comenta um texto literario. Madrid: Ediciones Catedra, 1994.

CONFORTE, André. A relação intersemiótica letra/música em recentes canções de Chico Buarque. In POLTRONIERI, Ana Lúcia; SIMÕES, Darcilia; FREITAS, Maria Noemi. A contribuição da Semiótica no ensino e na pesquisa. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2010. p. 67-83.

CONFORTE, André. A relação intersemiótica letra x música: algumas aplicações. In POLTRONIERI, Ana Lúcia; CORREIA, Claudio Manoel de C. Coletânea de comunicações sobre o verbal e o não verbal. Vol. 1. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2016. p. 37-50.

CONFORTE, André. Tradução de poema e de letra de canção: um estudo de casos. In CONFORTE, André; CORREIA, Claudio (Orgs.). Semiótica, pesquisa e ensino. Comunicações. Volume 1. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2019.

CONFORTE, André. O gênero textual letra de canção e as estratégias intersemióticas de produção de sentido: um estudo de caso na obra lírico-musical de Ivan Lins e Vítor Martins. In GOMES, Nataniel dos Santos; CORREIA, Claudio. Ensino e multimodalidades. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2023 (no prelo).

COSTA, Nelson Barros da. Canção popular e ensino da língua materna: o gênero canção nos parâmetros curriculares de Língua Portuguesa. Revista Linguagem em (Dis)curso. Tubarão, v. 4, n. 1, p. 9-36, jul./dez. 2003.

DESCONSTRUÇÃO. Documentário. Gravadora Biscoito Fino. Direção de Bruno Natal. 2006. Disponível em https://youtu.be/h0rgifPB2v0 . Acesso em 30 de março de 2023.

DOLZ, J., SCHNEUWLY, B. Pour un enseignement de l’oral : initiation aux genres formels de l’oral. Paris : ESF, 1998/2016.

DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In. Schneuwly, B. et Dolz, J. (org). Gêneros orais e escri-tos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.

FERRAZ, Eucanaã. Caetano Veloso: Letras. São Paulo: Cia das Letras, 2022.

LYRA, Pedro. Poema e letra-de-música: um confronto entre duas formas de exploração poética da palavra. Edição digital. Curitiba. Ed. CRV, 2011.

MARÍN, Francisco Marcos. El comentario lingüístico: metodologia y práctica. Ediciones Cátedra: Madrid, 1988.

PERRONE, Charles. Letras e letras da MPB. Rio de Janeiro: ELO, 1988.

QUERO o meu país de volta. Entrevista de Bruno Tolentino às páginas amarelas da Revista Veja. São Paulo: Editora Abril. 20 de março de 1996.

SILVA, Anazildo Vasconcelos da. A poética de Chico Buarque. Rio de Janeiro: Sophos, 1974.

VALENTE, André C.; PINHEIRO, P. César; MARANHÃO, Salgado. A língua portuguesa na poesia musical e na prosa literária: aspectos semântico-estilísticos. In CAMARA, Tania et al. Língua Portuguesa: tradições e modernidade. São Paulo: Parábola Editorial, 2019.

Publicado

2023-05-18

Cómo citar

Conforte, A. N., & Dolz, J. (2023). A LETRA DE CANÇÃO COMO COMPONENTE DE UM COMPLEXO SEMIÓTICO: ALGUNS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E UMA PROPOSTA DIDÁTICA. EntreLetras, 14(1), 92–110. https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2023v14n1p92-110