ALFABETIZAÇÃO, FRACASSO ESCOLAR: pacotes educacionais são a solução?
Resumen
Cada época é marcada por certa tendência, filosofia de vida, modo de pensar, modode agir, modo de viver. A que vigora em nossa sociedade é a necessidade de respostas prontase fáceis. Queremos a receita certa e infalível para tudo: como emagrecer sem parar de comerem 3 dias, como enriquecer sem trabalhar, como ficar bela para sempre, e assim por diante,até chegarmos ao campo da Educação. Se podemos comprar a revista que ensina a dietamilagrosa para emagrecer, por que não comprar um pacote educacional que promete acabarcom o fracasso escolar? Funciona mesmo? Não conheço alguém que tenha feito a dieta dasopa e emagrecido os 3 kg em dois dias como a revista prometia. Também não conheçonenhuma fórmula mágica para que os alunos “aprendam a escrever com criatividade, coesão ecoerência...”. Se receitas genéricas milagrosas funcionassem de fato, o Brasil não teria umataxa obesidade de 40,6% da população adulta (dados do IBGE - Pesquisa de Orçamentosfamiliares 2002/2003, equivalentes a 38,8 milhões de brasileiros), nem ficaria em último lugarno PISA. Assim, é com muito receio que os pacotes pedagógicos disponíveis (é só folhearuma edição da revista Nova Escola para constatar que existem “milagres”) e que são vendidoscomo a solução para o fracasso escolar devem ser encarados. O livro Política pública deeducação para as séries iniciais – estudo sobre os programas ALFA e BETO, SE LIGA eACELERA nas escolas públicas da rede estadual de Sergipe”, das professoras doDepartamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe Lianna de Melo Torres e Sonia Meire Santos Azevedo de Jesus, publicado pelo Sindicato dos Trabalhadores emEducação do Estado de Sergipe (SINTESE) vem tocar neste problema.Torres e Jesus apresentam os primeiros resultados de uma investigação que mereceser continuada, a fim de se determinar qual o impacto da adoção de pacotes educacionais nosindicadores de desempenho dos estudantes da rede pública de ensino. Neste primeiromomento da investigação maior, as autoras reconstroem o contexto da adoção dos pacoteseducacionais no estado, analisam-nos e coletam as impressões dos professores que trabalhamcom o material. Assim, a obra Política pública de educação para as séries iniciais – estudosobre os programas ALFA e BETO, SE LIGA e ACELERA nas escolas públicas da redeestadual de Sergipe é composta por seis capítulos. No primeiro, intitulado “O problema”, éfeito um retrospecto do contexto educacional brasileiro, enfocando a relação entre aalfabetização e a defasagem idade/série, e as propostas de políticas públicas educativas paratentar equilibrar esta situação, que, no cenário sergipano, dá-se com a adoção dos programasALFA e BETO, SE LIGA e ACELERA nas escolas públicas da rede estadual. As autorasquestionam: “Até que ponto os programas pedagógicos implantados pelo Governo do Estadode Sergipe contribuem com êxito para a alfabetização e a diminuição da defasagemidade/série?” (p. 11).Em seguida, são apresentados os procedimentos metodológicos adotados para tentarexplicitar a questão colocada: análise dos materiais didáticos e manuais de orientação dosprogramas e, principalmente, entrevistas com professores e coordenadores pedagógicos dasescolas que os adotaram. Os resultados são apresentados em três capítulos: “Características ecomposição do material didático dos programas”, “A avaliação da aprendizagem” e “Acapacitação em serviço”, os quais são apresentados a seguir.Descargas
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