v. 12 n. 2 (2020): HISTÓRIA E EDUCAÇÃO: PRÁTICAS E REFLEXÕES EM TEMPOS DE PENSAMENTO ANTICIENTÍFICO

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   Observamos nos últimos anos um avanço do pensamento anticientífico em determinados grupos sociais ao redor do mundo, impactando também segmentos da sociedade brasileira. Tais ideias congregam setores conservadores, com interesses diversos, promovendo um recrudescimento de pautas negacionistas que desqualificam pesquisas históricas acadêmicas sobre escravidão, racismo, religiões afro-brasileiras, questão indígena, movimentos de esquerda, ditaduras militares, nazifascismo, direitos humanos, gênero e sexualidade.

Estas visões tentam assumir ações de controle do debate público e de recusa ao pensamento intelectual ao difundir ideias sem respaldo científico por meio das mídias sociais, principalmente, mas que ganharam espaço no debate público. Como por exemplo, as disputas parlamentares em diversas câmaras de vereadores em torno do que se denominou como “Escola Sem Partido”, afrontando diretamente a autonomia docente. Assim, este dossiê dialoga com a conjuntura política atual do país e suas implicações para a Educação Básica, motivando o que o historiador Fernando Penna (2016) identificou como um “ódio aos professores”. Esse processo afeta diretamente os professores que ministram disciplinas das Ciências Humanas, incluindo a História. Tendo como base um conservadorismo de cunho fundamentalista, opera-se uma vigilância da fala do docente, defendendo uma suposta neutralidade.  

Dentro e fora do espaço escolar, os enfrentamentos docentes em prol de pensamentos com respaldo racional e científico os faz serem constantemente convocados a se pronunciar em redes sociais e em debates extraclasse, e não raras vezes, sendo deslegitimado em seu ofício por concepções fundamentalistas e anticientíficas. O avanço do anti-intelectualismo, na atual conjuntura político-social, vem impactando as relações pedagógicas e isso é um fato.

Neste dossiê, reunimos artigos que, sob o ponto de vista docente, se debruçaram sobre a análise da conjuntura político-educacional e teceram reflexões sobre as práticas, as experiências e os saberes docentes como propostas de enfrentamento ao atual cenário educacional. O conjunto dos artigos que apresentamos reflete o tamanho do nosso desafio enquanto pesquisadores e professores, desnuda nossas inseguranças e medos, mas também  produz análises que nos conduzem às resistências cotidianas, pois a Educação e o Ensino de História, em especial, é estratégico na luta pela democracia plena e para o combate a todas as formas de preconceito e desigualdades sociais.   

Publicado: 2021-10-06

Edição completa

  • APRESENTAÇÃO DOSSIÊ HISTÓRIA E EDUCAÇÃO: PRÁTICAS E REFLEXÕES EM TEMPOS DE PENSAMENTO ANTICIENTÍFICO

    Caroline Vieira, Juçara Mello
    06-11
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp06-11

Dossiê

  • O “BELO RISCO” DO ENSINO DE HISTÓRIA FRENTE AOS MEDOS DO MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO

    João Carlos Escosteguy Filho
    12-32
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp12-32
  • “PROFESSOR DOUTRINADOR”, HOMESCHOOLING E “IDEOLOGIA DE GÊNERO”: A TRÍADE QUE AMEAÇA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

    Amanda de Mendonça
    33-51
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp33-51
  • A BÍBLIA SAGRADA NA AULA DE HISTÓRIA

    Alline de Assis Xavier Maia
    52-70
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp52-70
  • TEMAS SENSÍVEIS NO ENSINO DE HISTÓRIA: PRODUZINDO CONHECIMENTO HISTÓRICO ESCOLAR NA RELAÇÃO PASSADO/PRESENTE

    Thays Merolla Piubel
    71-87
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp71-87
  • AS DISPUTAS POR MEMÓRIA E O ENSINO DA HISTÓRIA INDÍGENA: UM ESTUDO COMPARATIVO DE MANUAIS ESCOLARES

    Martha Vieira
    88-103
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp88-103
  • A HISTÓRIA PISANDO EM OVOS OU SOBRE COMO DIGERIR O PASSADO RECENTE DA HISTÓRIA DO BRASIL

    Leandro Rosetti de Almeida
    104-124
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp104-124
  • O ENSINO DE HISTÓRIA EM TEMPOS DE CONSERVADORISMOS: ALGUNS DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

    Pâmella Santos dos Passos, Luciana Guigues
    125-143
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp125-143

Seção Livre

  • APROXIMAÇÕES ENTRE ARQUEOLOGIA, EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E DIFERENTES SEGMENTOS DA SOCIEDADE Construindo Experiências a partir da Universidade Federal do Amapá, campus Marco Zero

    Avelino Gambim Júnior, Jelly Juliane Souza de Lima
    144-164
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp144-164
  • HISTÓRIA DAS INFÂNCIAS EM SÃO LEOPOLDO/RS Os brinquedos e a cultura lúdica do brincar em uma cidade de colonização alemã no sul do Brasil (Início Do Século XX)

    Eduardo Cristiano Hass da Silva, Estela Denise Schütz Brito, Christiano Roberto Lima de Aguiar
    165-186
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp165-186
  • OS CONCEITOS DIVISORES DO ESPAÇO: REFLEXÕES EM TORNO DE UMA INTERAÇÃO ENTRE A HISTÓRIA E A GEOGRAFIA

    José D'Assunção Barros
    187-211
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp187-211
  • DA BIOGRAFIA DO GRUPO PRIMÁRIO À BIOGRAFIA DE FRANCISCO RODOLFO SIMCH: Biografização e razão histórica para a constituição do sentido

    Alice Marc
    212-229
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp212-229
  • ECOS DE LA DICTADURA EN LAS MEMORIAS DE ANGELO BRUNO

    Luiza Helena Oliveira da Silva
    230-256
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp230-256
  • DUELAR, JOGAR E NARRAR

    Márcio Araújo de Melo, Andréia Nascimento Carmo, Valdivina Telia Rosa de Melian
    257-273
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp257-273
  • MEMÓRIAS DA GUERRILHA DO ARAGUAIA: Entrevista com José Genoíno Neto

    César Alessandro Sagrillo Figueiredo, Naiane Vieira dos Reis, Luiza Helena Oliveira da Silva, Paulo César Lucena de Sousa
    274-318
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp274-318

Resenha

  • A POTENTE POESIA INDÍGENA DE MÁRCIA WAYNA KAMBEBA EM "O LUGAR DO SABER"

    Walace Rodrigues
    319-322
    DOI: https://doi.org/10.20873/vol12n2pp319-322