A educação indígena Apinajé para as relações interpessoais e para o cuidado com o ambiente na história de origem Panhĩ
DOI:
https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.19415Palavras-chave:
História de origem, Apinajé, Educação Indígena, NaturezaResumo
Na história de origem do povo Apinajé, Myyti (Sol) e Mytwrỳỳre (Lua) foram os primeiros seres humanos a descerem do céu e habitaram a Terra, quando havia somente animais de todas as espécies e os elementos da natureza. Essa história é a primeira a compor a narrativa de origem, do ponto de vista indígena (Panhĩ). Com base nessa narrativa Apinajé, o objetivo deste texto é estabelecer uma relação entre a história de origem e a Educação Indígena Apinajé, destacando nos ensinamentos Panhĩ as relações interpessoais e de cuidado com o ambiente. Para tanto, dialogamos com autores que discutem o Paradigma do Bem Viver e a Decolonialidade como perspectivas críticas de reflexão. Trata-se de um estudo exploratório, de abordagem qualitativa, que analisou a narrativa contada por quatro anciãos indígenas, participantes do projeto de extensão “Panhĩme”, desenvolvido nas aldeias Apinajé, em parceria com a Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT). Os resultados evidenciam a relação de respeito, cuidado e pertencimento que os Apinajé nutrem para com a natureza. São ensinamentos da Educação Indígena Panhĩ, que contribuem para uma vida mais harmoniosa na Terra; na qual os humanos não são vistos como seres à parte da natureza, mas sim como pertencentes a ela.
Palavras-chave: História de origem, Apinajé, educação indígena, natureza.
Apinajé indigenous education for interpersonal relationships and environmental care in the Panhĩ origin story
ABSTRACT. In the origin story of the Apinajé people, Myyti (Sun) and Mytwrỳỳre (Moon) were the first human beings to descend from the sky and inhabit the Earth, when there were only animals of all species and the elements of nature. This story is the first to compose the origin narrative, from the indigenous (Panhĩ) point of view. Based on this Apinajé narrative, the objective of this text is to establish a relationship between the story of origin and Apinajé Indigenous Education, highlighting interpersonal relationships and care for the environment in Panhĩ teachings. To this end, we dialogued with authors who discuss the Good Living Paradigm and Decoloniality as critical perspectives for reflection. This is an exploratory study, with a qualitative approach, which analyzed the narrative told by four indigenous elders, participants in the “Panhĩme” extension project, developed in the Apinajé villages, in partnership with the Federal University of Northern Tocantins (UFNT). The results highlight the relationship of respect, care and belonging that the Apinajé have towards nature. These are teachings from Panhĩ Indigenous Education, which contribute to a more harmonious life on Earth; in which humans are not seen as beings apart from nature, but rather as belonging to it.
Keywords: History of origin, Apinajé, indigenous education, environment.
La educación indígena Apinajé para las relaciones interpersonales y el cuidado del ambiente en la historia del origen Panhĩ
RESUMEN. En la historia del origen del pueblo Apinajé, Myyti (Sol) y Mytwrỳỳre (Luna) fueron los primeros seres humanos en descender del cielo y habitar la Tierra, cuando solo existían animales de todas las especies y los elementos de la naturaleza. Esta historia es la primera en componer la narrativa del origen, desde el punto de vista indígena (Panhĩ). A partir de esta narrativa Apinajé, el objetivo de este texto es establecer una relación entre la historia de origen y la Educación Indígena Apinajé, destacando las relaciones interpersonales y el cuidado del medio ambiente en las enseñanzas Panhĩ. Para ello, dialogamos con autores que discuten el Paradigma del Buen Vivir y la Descolonialidad como perspectivas críticas para la reflexión. Se trata de un estudio exploratorio, con enfoque cualitativo, que analizó la narrativa contada por cuatro ancianos indígenas, participantes del proyecto de extensión “Panhĩme”, desarrollado en las aldeas de Apinajé, en colaboración con la Universidad Federal de Tocantins Norte (UFNT). Los resultados resaltan la relación de respeto, cuidado y pertenencia que tienen los Apinajé hacia la naturaleza. Estas son enseñanzas de la Educación Indígena Panhĩ, que contribuyen a una vida más armoniosa en la Tierra; en el que los humanos no son vistos como seres separados de la naturaleza, sino como pertenecientes a ella.
Palabras clave: História de origen, Apinajé, educación indígena, ambiente.
Downloads
Referências
Acosta, A. (2016). O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Editora Elefante.
Apinagé, C. S. (2017). Escola, meio ambiente e conhecimentos: formas de ensinar e aprender na teoria e na prática entre os Apinajé (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Tocantins, Palmas.
Apinaje, S. B. P. C., Apinaje, J. K. R., Horta, A., Rocha, W. de O., & Morais Neto, O. R. de. (2022). Metodologias de vida, pesquisa e luta: a experiência Panhĩ. Saúde e Sociedade, 31(4), e220490pt. Recuperado de: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/WLMYBNv8YbCQdKZxhKN8PrC/
Apinagé, R. F. C. (2023). Teptyk: mehprijê xàhpumud ne kot amnhi nhipêx = cantorias, brincadeiras e narrativas: processo próprios de aprendizagem Panhĩ/Apinajé e sua contribuição nas práticas escolares. Palmas, TO: nagô Editora.
Chambouleyron, R. et al. (2011). ‘Formidável contágio’: epidemias, trabalho e recrutamento na Amazônia colonial (1660-1750). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.18, n.4, out-dez. p. 987-1004 Recuperado de: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/wThQB4NTDzv9vxMXrsZBNCh/?lang=pt&format=pdf
Dussel, E. (1993). 1492 – o encobrimento do outro (a origem do “mito da Modernidade”). Conferências de Frankfurt. Tradução de Jaime A. Clasen. Petrópolis, RJ: Vozes.
Gil, A. C. (1995). Como Elaborar Projetos e Pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Atlas.
Giraldin, O., & Apinagé, C. S. (2019). Perspectivas históricas sob a perspectiva dos Apinaje. Tellus, 19(38), 237–288. Recuperado de: https://doi.org/10.20435/tellus.v19i38.547
Jecupé, K. W. (1998). A Terra do Mil Povos: História Indígena do Brasil contada por um índio. São Paulo,SP: Peirópolis.
Lakatos, E. M., & Marconi, M. de A. (2007). Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas.
Lévi-Strauss, C. (1987). Mito e Significado. Lisboa: Edições 70.
Mamani, F. H. (2010). Buen Vivir / Vivir Bien: filosofia, políticas, estrategias y experiencias regionales andinas. Lima, Peru: Coodinadora Andina de Organizaciones Indígenas (CAOI).
Mignolo, W. D. (2008). El pensamiento decolonial: desprendimiento y apertura. Un manifiesto. In Castro-Gómez, S., & Grosfoguel, R. (Orgs.). Reflexiones para una diversidad epistémica más alládel capitalismo global (pp. 25-46). Bogotá, Colombia: SiglodelHombre Editores.
Munduruku, D. (2012). O caráter educativo do movimento indígena brasileiro (1970–1990). São Paulo: Paulinas.
Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. In Lander, E. (Org.). Colección Sur Sur. CLACSO, Cuidad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. Recuperado de: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2591382/mod_resource/content/1/colonialidade_do_saber_eurocentrismo_ciencias_sociais.pdf
Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras.
Krenak, A. (2020). A vida não é útil. Companhia das Letras. Edição do Kindle.
Kopenawa, D. & Albert, B. (2015) A queda do céu: palavras de um xamã yanomani. São Paulo: Companhia das letras.
Santos, A. B. (2023). A terra dá, a terra quer. São Paulo, SP: Ubu Editora.
Walsh, C. (2009). Interculturalidade Crítica e Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In Candau, V. M. (Org.) Educação Intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Raimundo Nonato de Pádua Câncio, Gabriel Francisco Cavalcante Junior, Maria Victória Lima dos Santos, Raquel Cassiano dos Santos, Aline Campos, Gilberto Pereira Apinajé

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Proposta de Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Proposal for Copyright Notice Creative Commons
1. Policy Proposal to Open Access Journals
Authors who publish with this journal agree to the following terms:
A. Authors retain copyright and grant the journal right of first publication with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License that allows sharing the work with recognition of its initial publication in this journal.
B. Authors are able to take on additional contracts separately, non-exclusive distribution of the version of the paper published in this journal (ex .: publish in institutional repository or as a book), with an acknowledgment of its initial publication in this journal.
C. Authors are permitted and encouraged to post their work online (eg .: in institutional repositories or on their website) at any point before or during the editorial process, as it can lead to productive exchanges, as well as increase the impact and the citation of published work (See the Effect of Open Access).