A educação indígena Apinajé para as relações interpessoais e para o cuidado com o ambiente na história de origem Panhĩ

Autores

  • Raimundo Nonato de Pádua Câncio Universidade Federal do Norte do Tocantins image/svg+xml
  • Gabriel Francisco Cavalcante Junior Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT
  • Maria Victória Lima dos Santos Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT https://orcid.org/0009-0004-3777-4584
  • Raquel Cassiano dos Santos Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT
  • Aline Campos Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT
  • Gilberto Pereira Apinajé Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT https://orcid.org/0009-0009-8756-8988

DOI:

https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.19415

Palavras-chave:

História de origem, Apinajé, Educação Indígena, Natureza

Resumo

Na história de origem do povo Apinajé, Myyti (Sol) e Mytwrỳỳre (Lua) foram os primeiros seres humanos a descerem do céu e habitaram a Terra, quando havia somente animais de todas as espécies e os elementos da natureza. Essa história é a primeira a compor a narrativa de origem, do ponto de vista indígena (Panhĩ). Com base nessa narrativa Apinajé, o objetivo deste texto é estabelecer uma relação entre a história de origem e a Educação Indígena Apinajé, destacando nos ensinamentos Panhĩ as relações interpessoais e de cuidado com o ambiente. Para tanto, dialogamos com autores que discutem o Paradigma do Bem Viver e a Decolonialidade como perspectivas críticas de reflexão. Trata-se de um estudo exploratório, de abordagem qualitativa, que analisou a narrativa contada por quatro anciãos indígenas, participantes do projeto de extensão “Panhĩme”, desenvolvido nas aldeias Apinajé, em parceria com a Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT). Os resultados evidenciam a relação de respeito, cuidado e pertencimento que os Apinajé nutrem para com a natureza. São ensinamentos da Educação Indígena Panhĩ, que contribuem para uma vida mais harmoniosa na Terra; na qual os humanos não são vistos como seres à parte da natureza, mas sim como pertencentes a ela.

Palavras-chave: História de origem, Apinajé, educação indígena, natureza.

 

Apinajé indigenous education for interpersonal relationships and environmental care in the Panhĩ origin story

ABSTRACT. In the origin story of the Apinajé people, Myyti (Sun) and Mytwrỳỳre (Moon) were the first human beings to descend from the sky and inhabit the Earth, when there were only animals of all species and the elements of nature. This story is the first to compose the origin narrative, from the indigenous (Panhĩ) point of view. Based on this Apinajé narrative, the objective of this text is to establish a relationship between the story of origin and Apinajé Indigenous Education, highlighting interpersonal relationships and care for the environment in Panhĩ teachings. To this end, we dialogued with authors who discuss the Good Living Paradigm and Decoloniality as critical perspectives for reflection. This is an exploratory study, with a qualitative approach, which analyzed the narrative told by four indigenous elders, participants in the “Panhĩme” extension project, developed in the Apinajé villages, in partnership with the Federal University of Northern Tocantins (UFNT). The results highlight the relationship of respect, care and belonging that the Apinajé have towards nature. These are teachings from Panhĩ Indigenous Education, which contribute to a more harmonious life on Earth; in which humans are not seen as beings apart from nature, but rather as belonging to it.

Keywords: History of origin, Apinajé, indigenous education, environment.

 

La educación indígena Apinajé para las relaciones interpersonales y el cuidado del ambiente en la historia del origen Panhĩ

RESUMEN. En la historia del origen del pueblo Apinajé, Myyti (Sol) y Mytwrỳỳre (Luna) fueron los primeros seres humanos en descender del cielo y habitar la Tierra, cuando solo existían animales de todas las especies y los elementos de la naturaleza. Esta historia es la primera en componer la narrativa del origen, desde el punto de vista indígena (Panhĩ). A partir de esta narrativa Apinajé, el objetivo de este texto es establecer una relación entre la historia de origen y la Educación Indígena Apinajé, destacando las relaciones interpersonales y el cuidado del medio ambiente en las enseñanzas Panhĩ. Para ello, dialogamos con autores que discuten el Paradigma del Buen Vivir y la Descolonialidad como perspectivas críticas para la reflexión. Se trata de un estudio exploratorio, con enfoque cualitativo, que analizó la narrativa contada por cuatro ancianos indígenas, participantes del proyecto de extensión “Panhĩme”, desarrollado en las aldeas de Apinajé, en colaboración con la Universidad Federal de Tocantins Norte (UFNT). Los resultados resaltan la relación de respeto, cuidado y pertenencia que tienen los Apinajé hacia la naturaleza. Estas son enseñanzas de la Educación Indígena Panhĩ, que contribuyen a una vida más armoniosa en la Tierra; en el que los humanos no son vistos como seres separados de la naturaleza, sino como pertenecientes a ella.

Palabras clave: História de origen, Apinajé, educación indígena, ambiente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Raimundo Nonato de Pádua Câncio, Universidade Federal do Norte do Tocantins

É professor adjunto da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Doutor em Educação pela Universidade Federal do Pará (UFPA), na Linha Educação, Cultura e Sociedade, com estágio de Pós-doutoramento em Educação no Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará (ICED/UFPA). Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), na Linha Formação de Professores. Especialista em ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa (ILC/UFPA). Possui graduação em Letras, Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Pará (UFPA). É sócio da Associação Nacional de Pesquisa em Educação (Anped) e pesquisador da Rede de Pesquisa sobre Pedagogias Decoloniais na Amazônia (RPPDA). Atua na área de Educação e Linguagem, realizando estudos sobre Pós-colonialismo, Decolonialidade, Relações Étnico-raciais e Educação Escolar Indígena na Amazônia brasileira. Possui estudos sobre formação de professor e PCN de Língua Portuguesa. É líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação, Linguagens e Práticas Pedagógicas Decoloniais na Amazônia – GpDecol/UFT, integrante da Rede de Pesquisa sobre Pedagogias Decoloniais na Amazôniados - RPPDA, e do Grupo de Pesquisa Diálogos Interculturais e Práticas Educativas (DIPE) -PPGE/UFMA. Atua no Programa de Pós-graduação em Formação Docente em Práticas Educativas (PPG FOPRED/UFMA).

Gabriel Francisco Cavalcante Junior, Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT

Formado no Curso Técnico em Agropecuária integrado ao Ensino Médio pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins. Discente da Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), onde desenvolve pesquisas acerca das resistências da comunidade LGBTQAI + frente a ditadura Civil-Militar de 1964 no Brasil.

Maria Victória Lima dos Santos, Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT

Discente do Curso de Pedagogia do Centro de Educação, Humanidades e Saúde (CEHS) da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), onde desenvolve pesquisa narrativas e oficina de animação Apinajé.

Raquel Cassiano dos Santos, Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT

Discente do Curso de Pedagogia do Centro de Educação, Humanidades e Saúde (CEHS) da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), onde desenvolve pesquisa sobre narrativas e oficina de animação Apinajé.

Aline Campos, Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT

Graduada em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", campus de Rio Claro. Mestre em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação do Centro de Educação e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) - linha de pesquisa Práticas Sociais e Processos Educativos. Doutora em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na linha de pesquisa de Educação Popular. Trabalhou na educação formal em escolas, unidades prisionais e na Fundação Casa, possuindo experiência em educação ambiental, educação de jovens e adultos em situação de privação de liberdade e educação popular. Atualmente é professora na Universidade Federal do Norte Tocantins (UFNT), líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Popular: problematização do mundo como luta pela libertação (GEPEPro-livre)

Gilberto Pereira Apinajé, Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT

Discente do Curso de Direito do Centro de Educação, Humanidades e Saúde (CEHS) da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), onde desenvolve pesquisa sobre escuta dos anciãos Apinajé, para a produção das narrativas e oficina de animação.

Referências

Acosta, A. (2016). O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Editora Elefante.

Apinagé, C. S. (2017). Escola, meio ambiente e conhecimentos: formas de ensinar e aprender na teoria e na prática entre os Apinajé (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Tocantins, Palmas.

Apinaje, S. B. P. C., Apinaje, J. K. R., Horta, A., Rocha, W. de O., & Morais Neto, O. R. de. (2022). Metodologias de vida, pesquisa e luta: a experiência Panhĩ. Saúde e Sociedade, 31(4), e220490pt. Recuperado de: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/WLMYBNv8YbCQdKZxhKN8PrC/

Apinagé, R. F. C. (2023). Teptyk: mehprijê xàhpumud ne kot amnhi nhipêx = cantorias, brincadeiras e narrativas: processo próprios de aprendizagem Panhĩ/Apinajé e sua contribuição nas práticas escolares. Palmas, TO: nagô Editora.

Chambouleyron, R. et al. (2011). ‘Formidável contágio’: epidemias, trabalho e recrutamento na Amazônia colonial (1660-1750). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.18, n.4, out-dez. p. 987-1004 Recuperado de: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/wThQB4NTDzv9vxMXrsZBNCh/?lang=pt&format=pdf

Dussel, E. (1993). 1492 – o encobrimento do outro (a origem do “mito da Modernidade”). Conferências de Frankfurt. Tradução de Jaime A. Clasen. Petrópolis, RJ: Vozes.

Gil, A. C. (1995). Como Elaborar Projetos e Pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Atlas.

Giraldin, O., & Apinagé, C. S. (2019). Perspectivas históricas sob a perspectiva dos Apinaje. Tellus, 19(38), 237–288. Recuperado de: https://doi.org/10.20435/tellus.v19i38.547

Jecupé, K. W. (1998). A Terra do Mil Povos: História Indígena do Brasil contada por um índio. São Paulo,SP: Peirópolis.

Lakatos, E. M., & Marconi, M. de A. (2007). Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas.

Lévi-Strauss, C. (1987). Mito e Significado. Lisboa: Edições 70.

Mamani, F. H. (2010). Buen Vivir / Vivir Bien: filosofia, políticas, estrategias y experiencias regionales andinas. Lima, Peru: Coodinadora Andina de Organizaciones Indígenas (CAOI).

Mignolo, W. D. (2008). El pensamiento decolonial: desprendimiento y apertura. Un manifiesto. In Castro-Gómez, S., & Grosfoguel, R. (Orgs.). Reflexiones para una diversidad epistémica más alládel capitalismo global (pp. 25-46). Bogotá, Colombia: SiglodelHombre Editores.

Munduruku, D. (2012). O caráter educativo do movimento indígena brasileiro (1970–1990). São Paulo: Paulinas.

Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. In Lander, E. (Org.). Colección Sur Sur. CLACSO, Cuidad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. Recuperado de: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2591382/mod_resource/content/1/colonialidade_do_saber_eurocentrismo_ciencias_sociais.pdf

Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras.

Krenak, A. (2020). A vida não é útil. Companhia das Letras. Edição do Kindle.

Kopenawa, D. & Albert, B. (2015) A queda do céu: palavras de um xamã yanomani. São Paulo: Companhia das letras.

Santos, A. B. (2023). A terra dá, a terra quer. São Paulo, SP: Ubu Editora.

Walsh, C. (2009). Interculturalidade Crítica e Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In Candau, V. M. (Org.) Educação Intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras.

Downloads

Publicado

2024-12-19

Como Citar

Câncio, R. N. de P., Cavalcante Junior, G. F., Lima dos Santos, M. V., dos Santos, R. C., Campos, A., & Pereira Apinajé, G. (2024). A educação indígena Apinajé para as relações interpessoais e para o cuidado com o ambiente na história de origem Panhĩ. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 10, 19415 . https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.19415

Edição

Seção

Dossiê Expomatec: Conhecimento e Autonomia Docente no campo do Ensino das Área Curriculares