Pronera no Sertão Mineiro Goiano: Reflexões sobre emancipação social e Educação do Campo

Autores

  • Maria da Conceição da Silva Freitas Universidade de Brasília - UnB http://orcid.org/0000-0002-6557-3171
  • Cláudia Valéria de Assis Dansa Universidade de Brasília - UnB
  • Joice Marielle da Costa Moreira Universidade de Brasília - UnB

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2016v1n2p204

Palavras-chave:

Políticas Públicas de Reforma Agrária, Políticas Públicas de Educação do Campo – projeto pedagógico emancipatório – formação de educadores- sujeitos de educação do campo, Educação do Campo, Emancipação, Formação de Educadores, Educação de Jovens e Adultos

Resumo

Assentados da Reforma Agrária de baixa escolarização buscam inclusão social na escola. Como desenvolver projeto pedagógico para atender  sujeitos do campo com suas demandas específicas numa perspectiva emancipatória? Os objetivos foram refletir sobre: a Educação do Campo como resultado das lutas dos movimentos sociais pelo direito dos sujeitos do campo de pensar a educação e a produção a partir do lugar onde vivem, tendo como horizonte a emancipação humana; e, a complexidade da formação de educadores na educação de adultos. Adotou-se a metodologia da reinvenção democrática para a formação de sujeitos ativos, com diferentes saberes, capazes  de resolver problemas e participar da gestão.  Os resultados apontam o rompimento com resistências da educação tradicional via atividades participativas cuidadosamente elaboradas pelos educadores; sistematização interdisciplinar de conceitos integradores como identidade e territorialidade; conquista da autonomia no cotidiano pelos alfabetizados. Os aportes teóricos da Educação do Campo trouxeram novas abordagens teórico-metodológicas para o atendimento às demandas educacionais dos sujeitos excluídos. Conclui-se que a perspectiva emancipatória contribuiu para a construção colegiada dos processos possibilitando aos educandos romper com a dependência de intermediários. Embora a resolução de problemas imediatos não garanta um salto social e político emancipatório, fortalece o diálogo para empoderamento em novos espaços.

Palavras-chave: Políticas Públicas de Reforma Agrária, Educação do Campo, Emancipação,  Formação de Educadores, Educação de Jovens e Adultos.

 

Pronera in the Brazilian Backwoods - Minas/Goiás: Reflexions about social emancipation and Rural Education

ABSTRACT. Settlers of Agrarian Reform with lower education search for social inclusion through school. How develop pedagogic project to attend them according to their specific demands, in an emancipator way? The study objectives were reflections on: Rural Education as a result of the struggle of social movements for the settlers’ rights of perceiving education and production through the land where they live, having their own emancipation in mind and the complexity in training educators for Adults Education. A methodology of democratic reinvention was adopted to form active people, with diverse knowledge, able to solve problems and participate in managing. The results point to rupture traditional education methods by participatory activities carefully elaborated by teachers; Adopting interdisciplinary systems integrating concepts such as identity and territoriality into school subjects; The conquest of autonomy on day-to-day life to the literate. The theoretical contributions from Rural Education have brought new approaches to theories and methodologies in meeting the educational demands. In conclusion, the emancipatory perspective contributed for the schooled construction of the processes that allowed  settlers to break up with  dependency of intermediaries. Although the resolution of immediate problems does not guarantee social and political leap, it strengthens dialog and empowerment in new relational spaces.

Keywords: Public Policies of Rural Reform, Rural Education, Emancipation, Adults Education, Training Educators.

 

Pronera en la región del Sertão Minero-Goiano: Reflexiones con respecto a la emancipación social y la Educación del Campo.

RESUMEN. Personas de asentamientos de Reforma Agraria con baja escolarización buscan inclusión social a través de la escuela. ¿Cómo desarrollar proyectos pedagógicos para personas del campo con sus demandas desde una perspectiva emancipadora? Los objetivos propuestos  reflexionan:  Educación del campo como resultado de luchas de movimientos sociales por el derecho de  pensar la educación y la producción desde del lugar en donde viven, teniendo como horizonte  la emancipación humana; y, la complejidad de la formación de educadores en la educación de adultos. Fue adoptada metodología de reinvención democrática para la formación de individuos activos, en la gestión y capaces de resolver problemas. Los resultados apuntan ruptura con las resistencias de la educación tradicional a través de actividades participativas; sistematización interdisciplinar de conceptos integradores identidad y territorialidad; conquista de autonomía de lo cotidiano por  los alfabetizados. Las contribuciones teóricas trajeron perspectivas teórico-metodológicas para la atención de las demandas educativas de los  excluidos. Conclusión: la perspectiva emancipadora contribuyó a la construcción colegiada de los procesos, permitiendo a los educandos romper con la dependencia de intermediarios. Aun cuando la solución de problemas inmediatos no garantiza un salto social y político de carácter emancipador, si fortalece el diálogo para el empoderamiento de nuevos espacios relacionales.

Palabras clave:  Políticas Públicas de Reforma Agraria,  Educación del Campo, Educación de Adultos, Formación de Educadores, Emancipación.

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Biografia do Autor

Maria da Conceição da Silva Freitas, Universidade de Brasília - UnB

Professora Adjunta na Universidade de Brasília, Departamento de Teoria e Fundamentos, área de Educação e Trabalho, desde 2010. Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, (1977); mestrado em Educação pela Universidade Federal Fluminense, (1995), doutorado em Sociologia pela Universidade de Brasília, (2005). Vice-Coordenadora da pesquisa da Redecentro: "Formação de professores (as) na região Centro-Oeste", na Universidade de Brasília (2013-2018), onde desenvolve subprojeto de pesquisa "Inserção profissional dos egressos da Pedagogia". Coordenadora pedagógica do Projeto "Tecendo a cidadania no campo: alfabetização de jovens e adultos no Distrito Federal e Entorno" (2012-2014). Desde 2012, orientadora colaboradora no Mestrado Profissional da Universidade de Brasília. Pesquisadora Faperj e docente no Instituto Superior Tecnológico do Rio de Janeiro, da Fundação de Apoio à Escola Técnica, órgão da Secretaria de Estado de Ciência Tecnologia do Rio de Janeiro (2009). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação e Trabalho, Formação de Professores, Currículo, Juventude e mundo do trabalho, e, Orientação Vocacional/Profissional e Aconselhamento.

Cláudia Valéria de Assis Dansa, Universidade de Brasília - UnB

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982) , mestrado em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (1989) e Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pelo CDS-UnB, onde desenvolveu tese vinculando o Desenvolvimento Sustentável e a Formação de jovens assentados como técnicos agrícolas em espaços de Reforma Agrária. Possui ainda especialização em Educação a Distância pela Faculdade de Educação da UnB (2000) e Formação em Pedagogia Waldorf pelo Seminário de Formação ministrado em Brasilia (2013) pelos professores vinculados à Federação Nacional das Escolas Waldorf. É professora Universitária desde 1989, tendo trabalhado até 1996 na Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professora Adjunta da Faculdade de Educação da Universidade de Brasíla. Desenvolve trabalhos na área de Educação, atuando, principalmente, nos seguintes campos: agricultura familiar, educação do campo e educação/gestão ambiental, educação ambiental e Ecologia Humana e Pedagogias Alternativas.

Joice Marielle da Costa Moreira, Universidade de Brasília - UnB

Possui graduação em Letras - Português do Brasil Como Segunda Língua pela Universidade de Brasília (2014). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa e Língua Inglesa. Tem experiência na área de Educação com ênfase na Educação de Jovens e Adultos e Educação do Campo.

Referências

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Publicado

2016-12-12

Como Citar

Freitas, M. da C. da S., Dansa, C. V. de A., & Moreira, J. M. da C. (2016). Pronera no Sertão Mineiro Goiano: Reflexões sobre emancipação social e Educação do Campo. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 1(2), 204–230. https://doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2016v1n2p204

Edição

Seção

Artigos / Articles / Artículos