Mulheres rurais em luta: uma perspectiva autoetnográfica sobre a vida cotidiana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.e19491

Palavras-chave:

identidade de gênero, trabalhadores rurais, contexto social, assistência pública, terapia ocupacional

Resumo

O presente trabalho propôs uma investigação sobre as mulheres rurais e suas lutas cotidianas, colocando o território e gênero em perspectiva. Para isso, utilizou-se a autoetnografia, focalizando as experiências e narrativas que envolvem o pessoal, cultural e a posição da autora, a fim de sintetizar e problematizar processos importantes que dizem das vidas de mulheres rurais. Nas discussões realizadas, foram contempladas análises sobre a identidade das mulheres rurais brasileiras, o seu dia a dia, a sobrecarga da mulher, o papel do cuidado e os direitos sociais, antes de adentrar no debate sobre o movimento politizado com enfoque na Marcha das Margaridas, trazendo a dimensão que diz da luta dos sujeitos individuais e coletivos. Dessa forma, foi possível constatar que a luta não se limita aos movimentos sociais politizados, estendendo-se significativamente ao cotidiano. Todavia, as mobilizações desses movimentos desempenham um papel crucial na transformação da realidade dessas mulheres – em diálogo com a vida de todo o dia.

Palavras-chave: identidade de gênero, trabalhadores rurais, contexto social, assistência pública, terapia ocupacional.

 

Rural women in struggle: an autoethnographic perspective on everyday life

ABSTRACT. The present work proposed an investigation into rural women and their everyday struggles, placing the territory and gender in perspective. To achieve this, autoethnography was employed, focusing on the experiences and narratives involving the personal, cultural, and the author's position to synthesize and problematize important processes related to the lives of rural women. In the discussions conducted, analyses were included regarding the identity of Brazilian rural women, their daily lives, the burden on women, the role of care, and social rights, before entering into the debate on politicized movements with a focus on the Marcha das Margaridas (March of the Daisies), bringing forth the dimension that speaks about the struggle of individual and collective subjects. Through this approach, it was possible to observe that the struggle is not limited to politicized social movements but extends significantly into everyday life. However, the mobilizations of these movements play a crucial role in transforming the reality of these women – in dialogue with everyday life.

Keywords: gender identity, rural workers, social environment, public assistance, occupational therapy.

 

Mujeres rurales en lucha: Una perspectiva autoetnográfica sobre la vida cotidiana

RESUMEN. El presente trabajo propuso una investigación sobre las mujeres rurales y sus luchas cotidianas, poniendo en perspectiva el territorio y el género. Para ello, se utilizó la autoetnografía, enfocándose en las experiencias y narrativas que involucran lo personal, lo cultural y la posición de la autora, con el fin de sintetizar y problematizar procesos importantes que se relacionan con las vidas de las mujeres rurales. En las discusiones realizadas, se incluyeron análisis sobre la identidad de las mujeres rurales brasileñas, su día a día, la sobrecarga de la mujer, el papel del cuidado y los derechos sociales, antes de adentrarse en el debate sobre el movimiento politizado con un enfoque en la Marcha das Margaridas (Marcha de las Margaritas), trayendo la dimensión de la lucha de los sujetos individuales y colectivos. De esta manera, fue posible constatar que la lucha no se limita a los movimientos sociales politizados, sino que se extiende significativamente a la vida cotidiana. Sin embargo, las movilizaciones de estos movimientos desempeñan un papel crucial en la transformación de la realidad de estas mujeres, en diálogo con la vida cotidiana.

Palabras clave: identidad de género, trabajadores rurales, medio social, asistencia pública, terapia ocupacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Helen Carolina Gomes Neves, Escola de Saúde Pública do Distrito Federal - ESP

Bacharel em Terapia Ocupacional pela Universidade de Brasília (UnB). Especializanda em Saúde Mental do Adulto no Programa de Residência Multiprofissional da Escola de Saúde Pública do Distrito Federal (em andamento).

Magno Nunes Farias, Universidade de Brasília - UnB

Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologias em Saúde, Universidade de Brasília. Doutor em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Mestre em Educação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Especialista em Gestão Pública pela UFG, bacharel em Terapia Ocupacional pela Universidade de Brasília (UnB).

Referências

Arboit, J., Costa, M. C., & Silva, E. B. Colomé, I. C. dos Santos. (2018). Violência doméstica contra mulheres rurais: Práticas de cuidado desenvolvidas por agentes comunitários de saúde. Saúde e Sociedade, 27, 506-517. https://www.scielosp.org/pdf/sausoc/2018.v27n2/506-517/pt

Blanco, M. (2012). Autoetnografía: una forma narrativa de generación de conocimientos. Andamios, 9(19). https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=62824428004

Bonafim, B., & Gouvêa, L. (2020). Saúde da mulher no meio rural: Uma revisão integrativa. In L. Castro, T. Pereira, & F. Moreto (Eds.). Propostas, recursos e resultados nas ciências da saúde (Vol. 5). Atena. https://www.atenaeditora.com.br/catalogo/post/saude- da-mulher-no-meio-rural-uma-revisao-integrativa

Brumer, A. (2004). Gênero e agricultura: A situação da mulher na agricultura do Rio Grande do Sul. Revista Estudos Feministas, 12(1). https://doi.org/10.1590/S0104- 026X2004000100011

Carrasco, C. (2003). La sostenibilidad de la vida humana: ¿Un asunto de mujeres? In: Mujeres y trabajo: cambios impostergables (pp. 5-25). Veraz Comunicação.

CONTAG. (2023a). Marcha das Margaridas. Recuperado de https://ww2.contag.org.br/retranca/marcha-das-margaridas

CONTAG. (2023b). Marcha das Margaridas. Recuperado de https://ww2.contag.org.br/pauta-da-marcha-das-margaridas-2023

D’Angelo, L. F. (2011). El vínculo entre trabajo productivo y reproductivo en las trayectorias de mujeres jóvenes rurales. Intersticios: Revista sociológica de pensamiento crítico, 5(2). https://intersticios.es/article/view/8538/6262

De Carvalho, A. V. (2019). Violência contra a mulher no meio rural brasileiro: uma revisão integrativa. Aletheia, 52(2), 176. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/aletheia/v52n2/v52n2a14.pdf

Ellis, C., Adams, T. E., & Bochner, A. P. (2015). Autoetnografía: Un panorama. Astrolabio, (14), 249-273.

Galheigo, S. M. (2020). Terapia ocupacional, cotidiano e a tessitura da vida: Aportes teórico- conceituais para a construção de perspectivas críticas e emancipatórias. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 5-25. https://doi.org/10.4322/2526- 8910.ctoAO2590

Grossi, P. K., & Coutinho, A. R. C. (2017). Violência contra a mulher do campo: Desafios às políticas públicas. Serviço Social em Revista, 20(1), 25-40. https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/ssrevista/article/view/32071/23366

Hayano, D. M. (1982). Poker faces: the life and work of professional card players. University Of California Press.

Lefebvre, H. (1991). A vida cotidiana no mundo moderno (3ª ed.). Ática.

Mingo, E. (2011). Entre el hogar y el trabajo. Mujeres asalariadas en la agricultura del Valle de Uco, provincia de Mendoza, Argentina. Nómadas. Critical Journal of Social and Juridical Sciences, 29(1). https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=18118941021

Nina, S. F. M. (2014). Trabalho, ambiente e saúde: Cotidiano dos fazeres da mulher rural na Amazônia [Tese de Doutorado]. Universidade Federal do Amazonas, Manaus. https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4212

Pinheiro, L. M. S., & Andrade, T. A. (2023). Perfil de homens autores de violência contra as mulheres: Revisão sistemática da literatura brasileira. Psicologia Revista, 32(1). https://revistas.pucsp.br/index.php/psicorevista/article/view/53979/43373

Porto, A. D. (2022). Afeto e auto-organização nas trajetórias de luta e resistência das mulheres: Uma autoetnografia da Marcha das Margaridas 2019 [Dissertação de Mestrado]. Universidade Estadual da Paraíba, João Pessoa. http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4315

Sales, C. M. V. (2007). Mulheres rurais: Tecendo novas relações e reconhecendo direitos. Revista Estudos Feministas, 15(2). https://doi.org/10.1590/S0104-026X2007000200010

Santos, I. A. F., & Betto, J. (2021). Movimentos sociais rurais e feminismos: Percursos e diálogos na construção do feminismo camponês e popular. Caderno CRH, 34. https://doi.org/10.9771/ccrh.v34i0.42344

Silva, B. G. (2008). A Marcha das Margaridas: Resistências e permanências [Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília]. http://repositorio2.unb.br/jspui/handle/10482/949

Silva, M. F., Farias, M. N., & Lopes, R. E. (2023). Terapia ocupacional e meio rural: Uma revisão de escopo. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 31(2). https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/ 1167/7 21

Silva, M. T. (2011). Violação de direitos e resistência aos transgênicos no Brasil: Uma proposta camponesa. In Zanoni, M., & Ferment, G. (Orgs.). Transgênicos para quem? Agricultura, Ciência e Sociedade (pp. 432-447). MDA.

Sousa, M. B. (2017). Marcha das Margaridas: Um olhar florido sobre a democracia [Trabalho de Conclusão de Curso]. Universidade de Brasília, Brasília. https://bdm.unb.br/handle/10483/18299

Tonezer, C., Corona, H. M. P., & Ceratti, E. R. R. (2022). Juventude rural: Desafios e possibilidades de reprodução social da agricultura familiar. Redes: Revista do Desenvolvimento Regional, 27(1), 1–18. https://doi.org/10.17058/redes.v27i1.15425

Van der Schaaf, A. (2003). Jeito de mulher rural: A busca de direitos sociais e da igualdade de gênero no Rio Grande do Sul. Sociologias, 412-442. https://www.scielo.br/j/soc/a/SBq7JkkgT98Tz53pRGZcXTb/?format=html&lang=pt

Velho, G. (1978). Observando o Familiar. In Nunes, E. O. (Orgs.). A aventura sociológica: Objetividade, paixão, improviso e método na pesquisa social (pp. 36-46). Zahar.

Downloads

Publicado

2025-08-14

Como Citar

Gomes Neves, H. C., & Nunes Farias, M. (2025). Mulheres rurais em luta: uma perspectiva autoetnográfica sobre a vida cotidiana. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 10, e19491. https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.e19491

Edição

Seção

Artigos / Articles / Artículos