Alfabetizar-letrando, multisseriado e formação continuada: indagações e desafios à educação do campo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.e19712

Resumo

O presente artigo apresenta reflexões sobre alfabetização e letramentos em turmas multisseriadas. Trata-se de um estudo exploratório, apoiado no método (auto)biográfico, cujo objetivo geral é compreender os desafios enfrentados por professores do Ensino Fundamental – anos iniciais para alfabetizar-letrando em turmas multisséries, em Monte Santo, Bahia. As bases empíricas foram construídas por meio de um bate-papo on-line, denominado de espaço virtual biográfico, com cinco docentes, por intermédio do Google Meet, para problematizar as minúcias inerentes a alfabetizar-letrando na multissérie. O estudo entretece as experiências, os saberes e as vivências dos colaboradores com as concepções de autores que discutem sobre alfabetização e letramentos (Soares, 2001, 2013; Tfouni, 2010; Freire, 2011; Street, 2014), multisseriado (Hage, 2006, 2011, 2014) e formação de professores (Nóvoa, 2001, 2009, 2014; Imbernón, 2010; Arroyo, 2007; Freire, 2015). O diálogo com os professores, atores e autores desse processo, levou a compreensão de que alfabetizar-letrando na multissérie, em turmas e/ou escolas do campo, exige práticas pedagógicas fundamentadas em práticas socioculturais situadas, múltiplas estratégias de ensino e aprendizagem, formação continuada e atos formativos contextualizados e específicos com os professores.

Palavras-chave: Alfabetizar-letrando. Multisseriado. Formação continuada. Educação do campo.

 

Literacy education, multi-grade classes and continuing education: questions and challenges for rural education

ABSTRACT. This article presents reflections on literacy and literacy in multi-grade classes. This is an exploratory study, supported by the (auto)biographical method, whose general objective is to understand the challenges faced by elementary school teachers – initial years to teach literacy in multi-grade classes, in Monte Santo, Bahia. The empirical bases were constructed through an online chat, called a virtual biographical space, with five teachers, through Google Meet, to problematize the details inherent to literacy education in multi-grade classes. The study interweaves the experiences, knowledge and experiences of the collaborators with the concepts of authors who discuss literacy and literacies (Soares, 2001; 2013; Tfouni, 2010; Freire, 2011; Street, 2014), multi-grade (Hage, 2006; 2011; 2014) and teacher training (Nóvoa, 2001; 2009; 2014; Imbernón, 2010; Arroyo, 2007; Freire, 2015). The dialogue with the teachers, actors and authors of this process led to the understanding that teaching literacy in multi-grade, in rural classes and/or schools, requires pedagogical practices based on situated sociocultural practices, multiple teaching and learning strategies, ongoing training and contextualized and specific training activities with teachers.

Keywords: Literacy-literacy. Multi-grade. Continuing education. Rural education.

 

Alfabetización-alfabetización, multiserie y formación continua: interrogantes y desafíos para la educación rural

RESUMEN. Este artículo presenta reflexiones sobre la alfabetización y la alfabetización en las clases multigrado. Se trata de un estudio exploratorio, apoyado en el método (auto)biográfico, cuyo objetivo general es comprender los desafíos que enfrentan los profesores de Educación Primaria - años iniciales para la alfabetización en clases multigrado, en Monte Santo, Bahía. Las bases empíricas se construyeron a través de un chat en línea, denominado espacio virtual biográfico, con cinco docentes, a través de Google Meet, para problematizar los detalles inherentes a la alfabetización-alfabetización en el multigrado. El estudio entrelaza las vivencias, saberes y vivencias de los colaboradores con las concepciones de autores que discuten alfabetización y alfabetización (Soares, 2001; 2013; Tfouni, 2010; Freire, 2011; Street, 2014), multiseries (Hage, 2006; 2011; 2014) y formación docente (Nóvoa, 2001; 2009; El diálogo con docentes, actores y autores de este proceso llevó a comprender que la alfabetización-alfabetización en multigrado, en clases y/o escuelas rurales, requiere prácticas pedagógicas basadas en prácticas socioculturales situadas, múltiples estrategias de enseñanza y aprendizaje, formación continua y actos de formación contextualizados y específicos con los docentes.

Palabras clave: Alfabetización-alfabetización. Multiserie. Formación continua. Educación rural.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sidmar da Silva Oliveira, Universidade do Estado da Bahia

Doutorando em Crítica Cultural pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Mestre em Educação e Diversidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Especialista em Educação e Tecnologias Digitais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Graduado em Pedagogia pela Faculdade do Sertão Baiano (FASB). Especialista em Alfabetização e Letramento Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental e em Psicopedagogia Clínica e Institucional na FASB. Especialista em Educação do Campo e em Gestão Escolar pela Universidade Cândido Mendes (UCAM). Membro dos grupos de pesquisa Lingua(gem) e Crítica Cultural e Grupo de Estudo e Pesquisa em (Multi)letramentos, Educação e Tecnologias (GEPLET). Tem experiências no Ensino Superior e na criação de Aplicativos Educacionais. É professor da Educação Básica na Rede Municipal de Ensino de Monte Santo-BA e desenvolve estudos sobre educação do campo, multisseriado, letramentos, multiletramentos, tecnologias digitais e formação continuada de professor.

Luiz Paulo Almeida Neiva, Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Doutorado em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB (2013), mestrado em Ciências Agrárias pela Universidade Federal da Bahia - UFBA (2000), graduação em Agronomia pela Universidade Federal da Bahia - UFBA (1977). Atualmente é Professor Adjunto da UNEB, campus I, Salvador. Curador da Feira Literária Internacional de Canudos - FLICAN. Cocoordenador do Projeto Canudos - uma metodologia de planejamento do desenvolvimento local sustentável, de natureza multidisciplinar (UNEB/FAPESB). Se dedica à pesquisa em desigualdade e desenvolvimento, sobretudo nos sertões de Canudos, com ênfase na preservação da memória da Guerra (1896-1897). Foi Pró-reitor de Planejamento da UNEB (2011/2014), responsável pela concepção e implantação da referida pró-reitoria. Diretor técnico do Instituto Baiano de Desenvolvimento Florestal e Recursos Naturais - IBF (1987/1989), Diretor do Centro de Estudos Euclides da Cunha/UNEB (1995/2002). Diretor do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias DCHT/UNEB - Campus XXII - Euclides da Cunha (2003/2006), responsável pela fundação do referido Campus. Gerente de execução do Programa de Reforma Agrária (CAR/GERA) (1990-1991). Coordenou os trabalhos de construção do Planejamento Estratégico da UNEB, período 2006-2013, com metas intermediárias 2006-2012 e coordenou a elaboração do Plano de Metas 2010-2013: ajustando o foco, um instrumento inovador de gestão que compatibiliza Plano Estratégico, Plano Plurianual para o referido período da gestão da UNEB. Tem experiência nas áreas de educação e Planejamento com ênfase em Planejamento Institucional, Urbano e Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento sustentável, planejamento, diversidade cultural, atuando em diversos municípios baianos coordenando a elaboração de planos de desenvolvimento sustentável, a exemplo de Canudos e Santa Brígida, a partir de uma metodologia específica. Diretor do Campus Avançado da UNEB em Canudos. Presidente da Câmara de Educação Superior (CES) do Conselho Estadual de Educação da Bahia (CEE-BA) de 2020/2022. Membro da CES/CEE e da comissão de Jovens e Adultos do CCE/BA. Professor Permanente do Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural - doutorado turma Multicampi de Canudos - UNEB.

Referências

Amiguinho, A. (2008). Escola em meio rural: uma escola portadora de futuro? Educação, 33(1), 11-32.

Arroyo, M. G. (2007). Políticas de formação de educadores(as) do campo. Cad. Cedes, 27(72), 157-176.

Bondía, J. L. (2002). Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, 19, 21.

Brasil. (2018). Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. MEC/SEB. Brasília.

Brasil. (2019). Constituição Federal (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Supremo Tribunal Federal.

Brasil. (2010). Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010. Dispõe sobre a política de educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. Diário Oficial da União, Brasília, Sessão1, 5 nov.

Brasil. (2013). Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC/SEB.

Brasil. (2019). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/1996. 3. ed. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas. Recuperado de: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/642419/LDB_7ed.pdf.

Brasil. (2014). Plano Nacional de Educação 2014-2024. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara.

Brasil. (2008) Resolução nº 2, de 28 de abril de 2008. Estabelece diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo. Diário Oficial da União, Brasília, v. 81, Sessão 1, p. 25, 29 abr.

Caldart, R. S. (2009). Educação do campo: notas para uma análise de percurso. Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 7 n. 1, p. 35-64.

Caldart, R. S. (2002). Por uma Educação do Campo: traços de uma identidade em construção. In Kolling, E. J., Cerioli, P. R., & Caldart, R. S. (Orgs.). Educação do Campo: Identidade e Políticas Públicas. Brasília.

Delory-Momberger, C. (2016). A pesquisa biográfica ou a construção compartilhada de um saber do singular. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto) Biográfica, 01(01), 133-147. DOI: https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2016.v1.n1.p133-147

Delory-Momberger, C..(2008). Biografia e Educação: figuras do indivíduo-projeto. Trad. Maria da Conceição Passeggi, João Gomes da Silva Neto e Luis Passeggi. Natal, RN: EDUFRN; São Paulo: Paulus.

Delory-Momberger, C. (2011). Fundamentos epistemológicos da pesquisa biográfica em educação. Educação em Revista, 27(01), 333-346.

Freire, P. (2016). Educação e mudança. 37. ed. São Paulo: Paz e Terra.

Freire, P. (2015). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 52ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Freire, P. (2013). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Freire, P. (2011). Educação como prática da liberdade. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. - São Paulo: Atlas.

Hage, S. M. (2014). Transgressão do paradigma da (multi)seriação como referência para a construção da escola pública do campo. Educ. Soc., 35(129), 1165-1182.

Hage, S. M. (2006). Movimentos sociais do campo e a afirmação do direito à educação: pautando o debate sobre as escolas multisseriadas na Amazônia paraense. R. bras. Est. pedag., 87(217), 302-312. DOI: https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.87i217.805

Hage, S. M. (2011). Por uma escola do campo de qualidade social: transgredindo o paradigma (multi)seriado de ensino. Em Aberto, 24(85), 97-113, abr. DOI: https://doi.org/10.24109/2176-6673.emaberto.24i85.3077

Imbernón, F. (2010). Formação continuada de professores. Trad.: Juliana dos Santos Padilha. Porto Alegre: Artmed.

Kleiman, A. B. (2005). Preciso ensinar o letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever? Campinas: CEFIEL/UNICAMP.

Lüdke, M.; André, Marli E. D. A. (2020). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2. ed. [Reimpr.]. Rio de Janeiro: EPU.

Minayo, M. C. S. (2009). O desafio da pesquisa social. In Minayo, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade (pp. 9-30). 28. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes.

Monte Santo. (2021). Portaria nº 003 DE 11 de março de 2021. Dispõe sobre normas, procedimentos e cronograma para a realização de matrículas na Educação Básica na Rede Municipal de Ensino e Conveniadas e dá outras providências. Diário Oficial do Município – Prefeitura Municipal de Monte Santo. Edição 990.

Monte Santo. (2020). Referencial Curricular de Monte Santo – RCMS Educação Infantil e Ensino Fundamental. Diário Oficial do Município – Prefeitura Municipal de Monte Santo. Ano X - Nº 2096.

Moraes, R., & Galiazzi, M. C. (2016). Análise textual discursiva. 3. ed. Ijuí: Editora Unijuí.

Nóvoa, A. (2014). A formação tem que passar por aqui: as histórias de vida no projeto prosalus. In Nóvoa, A., & Finger, M. (Orgs.). O método (auto)biográfico e a formação. (pp. 143-175).Trad. Maria Nóvoa. 2. ed. Natal, RN: EDUFRN.

Nóvoa, A. (2011). O regresso dos professores. Pinhais: Melo.

Nóvoa, A. (2001). Professor se forma na escola (online). Revista Nova Escola, 142(16), 13-15, maio.

Oliveira, S. S. (2022). Atos formativos e educação: operações cotidianas de formação em debate. In Anais do Congresso Nacional de Educação – CONEDU (pp. 1-11)., Maceió, AL.

Oliveira, S. S. (2019). A formação continuada e as práticas alfabetizadoras em diálogo com os letramentos situados no âmbito do PNAIC: do texto ao contexto da educação do campo (Dissertação de Mestrado). Universidade do Estado da Bahia, Conceição do Coité, BA.

Pereira, Á. S., & Souza, E. B. (2018). Cenas de letramento e alfabetização: experiências de classes multisseriadas narradas pela professora “mar”. In Pereira, Á. S., Cruz, M. F. B., & Paes, M. N. M. (Orgs.). Letramentos, identidades e formação de educadores: imagens teórico-metodológicas de pesquisa sobre práticas de letramentos (pp. 45-68). Campinas, SP: Mercado das Letras.

Santos, C. F., Albuquerque, E. B. C. (2007). Alfabetizar letrando. In Santos, C. F., & Mendonça, M. (Orgs.). Alfabetização e letramento: conceitos e relações (pp. 111-132). Belo Horizonte: Autêntica.

Soares, M. (2013). Alfabetização e letramento. 6. ed. São Paulo: Contexto.

Soares, M. (2004). Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. nº 25. p. 5-17.

Soares, M. (2001). Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica.

Souza, E. C. (2014). Diálogos cruzados sobre pesquisa (auto)biográfica: análise compreensiva-interpretativa e política de sentido. Educação | Santa Maria | v. 39 | n. 1 | p. 39-50. DOI: https://doi.org/10.5902/1984644411344

Street, B. V. (2014). Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação. Trad.: Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial.

Tardif, M. (2014). Saberes docentes e formação profissional. 17. 3d. Petrópolis, RJ: Vozes.

Tfouni, L. V. (2010). Letramento e alfabetização. 9. ed. São Paulo: Cortez.

Downloads

Publicado

2025-12-22

Como Citar

Oliveira, S. da S., & Almeida Neiva, L. P. (2025). Alfabetizar-letrando, multisseriado e formação continuada: indagações e desafios à educação do campo. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 10, e19712. https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.e19712

Edição

Seção

Dossiê: Educação do Campo - Culturas e Territórios