SEM QUÍMICA? O “NOVO” ENSINO MÉDIO E O (DES)LETRAMENTO CIENTÍFICO COMO PROJETO
DOI:
https://doi.org/10.20873/riecim.v3i1.17121Palavras-chave:
Letramento Científico., Novo Ensino Médio, Ensino de Química, Tetraedro de SjöströmResumo
Esse artigo se propõe a discutir a problemática gerada pelo Novo Ensino Médio em termos de alienação por não oferecer disciplinas básicas na formação do estudante. Como um projeto neoliberal, gestado de maneira antidemocrática, esse “novo” formato põe fim, para parte de estudantes da rede pública, à oferta de disciplinas, como a química. O jovem de 15 anos tem que escolher seu novo currículo, enviesado de ideologia hegemônica, aumentando, ainda mais, o abismo de desigualdade social. As possíveis consequências da ocultação e do (des)letramento científico desse projeto são debatidas com base na materialidade dos fatos. Com suporte no tetraedro de Sjöström, o letramento científico no ensino de química propõe uma perspectiva crítica e humanista, aqui discutida. Se o antigo Ensino Médio tinha suas dificuldades no letramento científico de estudantes, quiçá, atualmente, com o vácuo deixado da disciplina não ministrada. Assim, para a construção de uma sociedade que almeja o desenvolvimento, apesar do interesse da elite brasileira, a revogação desse Novo Ensino Médio deve ser requerida urgentemente, para de fato avançarmos em uma educação verdadeiramente crítica, transdisciplinar, emancipatória, democrática, universal, omnilateral e de caráter popular.
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