Educação em Solos e Agroecologia na Pedagogia da Alternância: Metodologias Participativas como Ferramenta de Emancipação
DOI:
https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.e19400Palavras-chave:
: Educação, Campo, Desenvolvimento, Território, educação do campo, classes multisseriadas, sustentabilidade, ciências naturais/biologia., : Interdisciplinario, Escuela de Campo y Aprendizaje Significativo., agroecologia, agroecology, Biologia do Solo, Educação básica, Pedagogia da Alternância, Educação do Campo, Educação científica, Agricultura Familiar, Agroecología, Segurança Alimentar e Nutricional, Fauna do solo, Cartilha na educação básicaResumo
O presente artigo apresenta uma experiência desenvolvida no Colégio Municipal CEFFA Flores, localizado em Nova Friburgo (RJ), que articula a Pedagogia da Alternância, voltada para filhos de agricultores familiares, à Educação em Solos e Agroecologia por meio de metodologias participativas. A pesquisa participante foi conduzida pela docente da disciplina Técnicas Agrícolas com estudantes do Ensino Fundamental II (7° e 8° anos), envolvendo atividades teóricas e práticas sobre biologia do solo. Foram realizadas análises comparativas entre duas áreas com manejos distintos (agroecológico e convencional), utilizando armadilhas do tipo pitfall e indicadores participativos de qualidade do solo. Os resultados demonstraram maior diversidade e abundância de organismos edáficos na área de manejo agroecológico, indicando maior qualidade e sustentabilidade do solo. A elaboração coletiva pelos estudantes de uma cartilha sobre a fauna do solo potencializou o protagonismo estudantil, reforçando a importância de práticas pedagógicas integradas com a educação ambiental e o ensino de solos. Concluiu-se que o uso de metodologias participativas pode contribuir para uma formação crítica, emancipadora e comprometida com a saúde do solo.
Palavras-chave: educação do campo, biologia do solo, formação crítica, ensino por investigação, educação emancipadora.
Soil Education and Agroecology in the Pedagogy of Alternation: Participatory Methodologies as a Tool for Emancipation
ABSTRACT. This article presents an experiment developed at CEFFA Flores Municipal School, located in Nova Friburgo, Rio de Janeiro, which combines the Pedagogy of Alternation, aimed at children of family farmers, with Education in Soils and Agroecology through participatory methodologies. The participatory research was conducted by the Agricultural Techniques teacher with 7th and 8th grade elementary school students, involving theoretical and practical activities on soil biology. Comparative analyses were conducted between two areas with different management systems (agroecological and conventional), using pitfall traps and participatory soil quality indicators. The results demonstrated greater diversity and abundance of soil organisms in the agroecologically managed area, indicating greater soil quality and sustainability. The collective development of a booklet on soil fauna by the students enhanced student engagement, reinforcing the importance of pedagogical practices integrated with environmental education and soil education. It was concluded that the use of participatory methodologies can contribute to critical, emancipatory training that is committed to soil health.
Keywords: rural education, soil biology, critical training, research-based teaching, emancipatory education.
Educación del suelo y agroecología en la pedagogía de la alternancia: metodologías participativas como herramienta de emancipación
RESUMEN. Este artículo presenta una experiencia desarrollada en la Escuela Municipal CEFFA Flores, ubicada en Nova Friburgo, Río de Janeiro, que combina la Pedagogía de la Alternancia, dirigida a hijos de agricultores familiares, con la Educación en Suelos y Agroecología mediante metodologías participativas. La investigación participativa fue realizada por la profesora de Técnicas Agrícolas con estudiantes de 7.º y 8.º grado de la escuela primaria, involucrando actividades teóricas y prácticas sobre biología del suelo. Se realizaron análisis comparativos entre dos áreas con diferentes sistemas de manejo (agroecológico y convencional), utilizando trampas de caída e indicadores participativos de calidad del suelo. Los resultados demostraron una mayor diversidad y abundancia de organismos del suelo en el área manejada agroecológicamente, lo que indica una mayor calidad y sostenibilidad del suelo. El desarrollo colectivo de un folleto sobre la fauna del suelo por parte de los estudiantes mejoró la participación estudiantil, reforzando la importancia de las prácticas pedagógicas integradas con la educación ambiental y la educación del suelo. Se concluyó que el uso de metodologías participativas puede contribuir a una formación crítica, emancipadora y comprometida con la salud del suelo.
Palabras clave: educación rural, biología del suelo, formación crítica, enseñanza basada en la investigación, educación emancipadora.
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