IDEIAS DE AMAZÔNIA NO REFERENCIAL CURRICULAR AMAZONENSE
Palavras-chave:
Amazônia, Currículo, Discursos, Ensino de CiênciasResumo
O presente trabalho problematiza os discursos que definem os modos de ver e dizer a Amazônia no Referencial Curricular Amazonense (2020), documento norteador para a educação no estado do Amazonas. Com uma abordagem discursiva foucaultiana, buscamos discutir as ideias de Amazônia e amazônidas presentes no documento, assim como, os efeitos para uma educação ambiental amazonense. Nossos resultados mostram uma produção discursiva em que a Amazônia é vista como natureza que está lá, distante das pessoas. Ao destacar apenas a sua natureza, o documento impossibilita olhar a multiplicidade e a instabilidade presentes nas Amazônias inventivas e despercebidas no cotidiano. Consideramos, com isso, que as propostas curriculares não aparecem de forma inofensiva, mas, ao contrário, possuem vínculo com condições históricas que impulsionam a emergência de enunciados e práticas. A criação de um currículo, desse modo, surge atrelada a um regime de verdade que determina como a Amazônia deve ser representada e interpretada. Nesse sentido, algumas Amazônias são vistas como mais verdadeiras e representativas que outras. Desse modo, este trabalho abre espaço para Amazônias tecidas por inquietações, dúvidas, gentes, incertezas e por um olhar que vislumbra inovações na educação amazônica e ensino de ciências. Uma Amazônia no qual os limites são expandidos e expostos a tensões, dúvidas e fugas que resultem em um movimento que não constitui apenas um único modo de ver e dizer, mas, sim, variadas possibilidades de ser, ver e dizer as Amazônias e os amazônidas.
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