Silêncios que ensinam, vozes que resistem: narrativas de violência na formação de sujeitos do campo
DOI:
https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.e19739Resumo
A pesquisa objetiva identificar e compreender as formas de violência que atravessam a trajetória escolar e universitária de licenciandos em Educação do Campo da Universidade Federal do triângulo Mineiro (UFTM), em 2024 e, posteriormente, analisar os efeitos que tais experiências podem produzir em sua formação, a partir das percepções dos próprios sujeitos. O referencial teórico fundamentou-se na conceituação das violências e suas múltiplas dimensões, com destaque para as formas moral, institucional, estrutural, simbólica, psicológica, de gênero e o bullying. De abordagem qualitativa-exploratório, utilizou-se entrevistas semiestruturadas como principal instrumento de produção de dados, cujas transcrições foram realizadas posteriormente. Os resultados indicam que as violências experienciadas não se restringem a episódios pontuais, mas integram um cenário mais amplo de exclusão social e educacional, marcado por desigualdades históricas e estruturais. Além de narrarem situações precárias de infraestrutura e de violências sofridas aos longos de sua formação, as falas evidenciam como essas experiências impactam a constituição da identidade docente. Em resposta a esse contexto adverso, os licenciandos demonstram reflexão crítica e mobilizam suas vivências como fundamento para a construção de uma prática pedagógica transformadora, comprometida com a valorização dos sujeitos do campo, com a promoção de justiça social e com o enfrentamento das múltiplas formas de violência no espaço escolar.
Palavras-chave: Violência, Educação do Campo, Educação Básica, Formação de professores.
Silences that teach, voices that resist: narratives of violence in the formation of rural subjects
ABSTRACT. The research aims to identify and understand the forms of violence that permeate the school and university trajectories of undergraduate students in Rural Education at the Federal University of Triângulo Mineiro (UFTM), in 2024 and, subsequently, to analyze the effects that such experiences can produce in their education, based on the perceptions of the subjects themselves. The theoretical framework was based on the conceptualization of violence and its multiple dimensions, with emphasis on the moral, institutional, structural, symbolic, psychological, gender-related forms and bullying. Using a qualitative-exploratory approach, semi-structured interviews were used as the main instrument for producing data, the transcriptions of which were later carried out. The results indicate that the violence experienced is not restricted to specific episodes, but is part of a broader scenario of social and educational exclusion, marked by historical and structural inequalities. In addition to narrating precarious situations of infrastructure and violence suffered throughout their education, the statements show how these experiences impact the formation of the teacher identity. In response to this adverse context, undergraduate students demonstrate critical reflection and mobilize their experiences as a foundation for the construction of a transformative pedagogical practice, committed to valuing rural subjects, promoting social justice and confronting multiple forms of violence in the school environment.
Keywords: Violence, Rural Education, Basic Education, Teacher Training.
Silencios que enseñan, voces que resisten: narrativas de violencia en la formación de sujetos rurales
RESUMEN. La investigación tiene como objetivo identificar y comprender las formas de violencia que permean las trayectorias escolares y universitarias de estudiantes de grado en Educación Rural de la Universidad Federal del Triàngulo Mineiro (UFTM), en 2024 y, posteriormente, analizar los efectos que tales experiencias pueden producir en su formación, a partir de las percepciones de los propios sujetos. El marco teórico se basó en la conceptualización de la violencia y sus múltiples dimensiones, con énfasis en las formas morales, institucionales, estructurales, simbólicas, psicológicas, de género y de bullying. Utilizando un enfoque cualitativo-exploratorio, se utilizó como principal instrumento de producción de datos la entrevista semiestructurada, cuyas transcripciones se realizaron posteriormente. Los resultados indican que la violencia vivida no se restringe a episodios específicos, sino que se inscribe en un escenario más amplio de exclusión social y educativa, marcado por desigualdades históricas y estructurales. Además de narrar situaciones de precariedad en la infraestructura y violencia sufridas a lo largo de su formación, los testimonios resaltan cómo estas vivencias impactan en la formación de la identidad docente. Frente a este contexto adverso, estudiantes universitarios demuestran reflexión crítica y movilizan sus experiencias como fundamento para la construcción de una práctica pedagógica transformadora, comprometida con la valoración de los sujetos rurales, la promoción de la justicia social y el enfrentamiento de las múltiples formas de violencia en el ámbito escolar.
Palabras clave: Violencia, Educación Rural, Educación Básica, Formación Docente.
Downloads
Referências
Abramovay, M. (2002). Escola e violências (p. 154). UNESCO.
Abramovay, M. (Org). (2006). Cotidiano das escolas: entre violências (p. 404). UNESCO.
Abramovay, M. (2021). Violências nas escolas (2ª ed.). Flacso Brasil.
Arroyo, M. G. (2007). Os direitos das crianças do campo: uma dívida histórica. In M. C. Molina & S. M. S. Jesus (Orgs.). Educação do campo: Identidade e políticas públicas. MDA/INEP.
Assis, S., Constantino, P., & Avanci, J. (Orgs.). (2010). Impacto da violência na escola: Um diálogo com professores (p. 260). Editora Fiocruz.
Barbieri, B. C., Santos, N. E., & Avelino, W. F. (2021). Violência escolar: Uma percepção social. Revista Educação Pública, 21(7).
Bandeira, L. M. (2014). Violência de gênero: A construção de um campo teórico e de investigação. Sociedade e Estado, 29(2).
Bourdieu, P. (1989). O poder simbólico (F. Tomaz, Trad.). Editora Bertrand Brasil.
Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Senado Federal.
Brasil. (1989). Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor. Brasília, DF.
Brasil. (1990). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Diário Oficial da União, Seção 1, p. 13563.
Brasil. (2015). Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015. Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Diário Oficial da União.
Caldart, R. S. (2004a). Pedagogia do Movimento Sem Terra. Petrópolis: Vozes.
Caldart, R. S. (2004b). Pedagogia do Movimento Sem Terra. São Paulo: Expressão Popular.
Caldart, R. S. (2011). Elementos para a construção do projeto político e pedagógico da Educação do Campo. In M. C. Molina & S. M. S. Jesus (Orgs.). Contribuições para a construção de um projeto de Educação do Campo (pp. 83-102). MEC/SECAD.
Charlot, B. (2002). A violência na escola: como sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, 4(8), 432-443.
Fernandes, B. M. (2012). Educação do Campo: notas para uma análise de trajetória. In M. C. Molina (Org.). Educação do Campo e Pesquisa: Questões para reflexão. INCRA/MDA.
Martins, M. H (2015). Violência moral e reconhecimento. Caderno de Campo, (19), 177-183.
Martins, M. H. (2015). Violência moral e a dignidade humana no ambiente escolar. Educação & Sociedade, 36(131), 180-185.
Molina, M. C., & Freitas, H. C. A. (Orgs.). (2011). Educação do campo (número temático). Revista Em Aberto, 24(85), 1-177.
Molina, M. C. (2015a). Educação do Campo: história, práticas e desafios no Brasil. In M. C. Molina., & L. M. de Sá (Orgs.). Educação do Campo e políticas públicas: Desafios e perspectivas. Articulação Nacional por uma Educação do Campo.
Molina, M. C. (2015b). Educação do Campo: trajetória e desafios. In M. G. Arroyo, R. S. Caldart., & M. C. Molina (Orgs.). Por uma Educação do Campo: Identidade e políticas públicas. Articulação Nacional por uma Educação do Campo.
Mosé, V. (2014). A escola e os desafios contemporâneos (3ª ed.). Civilização Brasileira.
Nadai, L. C., & Tognetta, L. R. P. (2016a). Bullying escolar: Sofrimento e violência entre pares. Papirus.
Nadai, S. T., & Tognetta, L. R. P. (2016b). Estilos de educación paternal y participación em procesos de victimización entre pares. Espanha.
Pimentel, A. (2014). Pesquisa exploratória da violência psicológica por meio da linguagem. Filologia e Linguística Portuguesa, 15, 7-26.
Pimentel, D. (2014). Violência psicológica nas escolas: desafios e implicações. Psicologia & Sociedade, 26(1), 10-18.
Sampieri, R. H., Collado, C. F., & Lucio, M. D. P. B. (2013). Metodologia de pesquisa. Grupo A.
Silva, D. B. S. F. (2024). Violência na/da formação: Relatos de estudantes do curso de Licenciatura em Educação do Campo [Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal do Triângulo Mineiro]. Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba.
Universidade Federal do Triângulo Mineiro. (2023). Projeto pedagógico do curso de Licenciatura em Educação do Campo (Atualizado em janeiro de 2023). Uberaba, MG: Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
Viana, G. (1999). Violência na escola: A questão da autoridade. Ática.
Viana, N. (1999). Violência, conflito e controle. In D. D. Oliveira, R. B. Lima, S. A. Santos, & T. L. D. Tosca (Orgs.). 50 anos depois: Relações raciais e grupos socialmente segregados. (2ª ed., v. 1, pp. 223-239). Cegraf.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Daíse Beatriz Souza Freire Silva, Beatriz Litoldo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Proposta de Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Proposal for Copyright Notice Creative Commons
1. Policy Proposal to Open Access Journals
Authors who publish with this journal agree to the following terms:
A. Authors retain copyright and grant the journal right of first publication with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License that allows sharing the work with recognition of its initial publication in this journal.
B. Authors are able to take on additional contracts separately, non-exclusive distribution of the version of the paper published in this journal (ex .: publish in institutional repository or as a book), with an acknowledgment of its initial publication in this journal.
C. Authors are permitted and encouraged to post their work online (eg .: in institutional repositories or on their website) at any point before or during the editorial process, as it can lead to productive exchanges, as well as increase the impact and the citation of published work (See the Effect of Open Access).





