Tecnologias Digitais e práticas inventivas na Educação do Campo: vivências com crianças em território de assentamento rural em Montes Claros-MG
DOI:
https://doi.org/10.70860/ufnt.rbec.e19789Resumo
Este artigo descreve práticas pedagógicas inventivas que, acopladas às Tecnologias Digitais (TD), foram implementadas por uma professora-pesquisadora em formação no mestrado em educação da Universidade Estadual de Montes Claros. As práticas foram desenvolvidas no projeto Web Guardians: navegando com segurança na internet, vinculado ao Grupo de Pesquisa HUB de Educação Digital da Unimontes e ocorreram em uma turma multisseriada dos anos iniciais do ensino fundamental em uma escola de assentamento rural em Montes Claros-MG. A proposta visou valorizar e integrar as vivências locais ao contexto educacional, contribuindo para a construção de um ambiente imersivo e promovendo a educação digital. A metodologia adotada neste estudo é o método da cartografia em pesquisa-intervenção e a autoetnografia, para a descrição das práticas inventivas na Educação OnLIFE. Os principais resultados indicam o engajamento e a motivação dos estudantes, demonstrando o potencial das práticas inventivas associadas às Tecnologias Digitais, para superação de abordagens tradicionais e valorização de saberes locais. Esses resultados foram observados mesmo diante de desafios estruturais, como a ausência de conectividade e tecnologias adequadas para o território, evidenciando as limitações impostas pela falta de infraestrutura em contextos rurais. Pode-se concluir que as práticas inventivas e as Tecnologias Digitais de fato potencializam a perspectiva da Educação do Campo, mas isso está condicionado ao enfrentamento das carências de infraestrutura.
Palavras-chave: práticas inventivas, tecnologias digitais, educação do campo, cartografia, autoetnografia.
Digital technologies and inventive practices in Rural Education: experiences with children in rural settlement territory in Montes Claros-MG
ABSTRACT. This article describes inventive pedagogical practices that, when coupled with Digital Technologies (DT), were implemented by a teacher-researcher pursuing a master’s degree in Education at the State University of Montes Claros (Unimontes). These practices were developed within the project Web Guardians: Navigating the Internet Safely, linked to the Digital Education HUB Research Group at Unimontes, and took place in a multigrade class of the early years of elementary education at a rural settlement school in Montes Claros, Minas Gerais, Brazil. The proposal sought to value and integrate local experiences into the educational context, contributing to the construction of an immersive environment and promoting digital education. The methodology adopted in this study combines the cartographic method in research-intervention with autoethnography, aiming to describe inventive practices within OnLIFE Education. The main findings reveal strong student engagement and motivation, demonstrating the potential of inventive practices associated with Digital Technologies to overcome traditional approaches and to value local knowledge. These outcomes were evident even in the face of structural challenges, such as limited connectivity and inadequate technological resources in the territory, highlighting the constraints imposed by the lack of infrastructure in rural contexts. It can be concluded that inventive practices and Digital Technologies indeed enhance the perspective of Rural Education; however, their effectiveness remains conditioned by the need to address infrastructure deficiencies.
Keywords: inventive practices, digital technologies, rural education, cartography, autoethnography.
Tecnologías digitales y prácticas inventivas en la Educación del Campo: experiencias con niños en un asentamiento rural en Montes Claros-MG
RESUMEN. Este artículo describe prácticas pedagógicas inventivas que, al integrarse con las Tecnologías Digitales (TD), fueron implementadas por una profesora-investigadora en formación en el programa de maestría en Educación de la Universidad Estatal de Montes Claros (Unimontes). Las prácticas se desarrollaron en el proyecto Web Guardians: navegando con seguridad en internet, vinculado al Grupo de Investigación HUB de Educación Digital de la Unimontes, y tuvieron lugar en una clase multigrado de los primeros años de la educación primaria en una escuela de un asentamiento rural en Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. La propuesta buscó valorar e integrar las experiencias locales al contexto educativo, contribuyendo a la construcción de un entorno inmersivo y promoviendo la educación digital. La metodología adoptada en este estudio combina el método de la cartografía en investigación-intervención y la autoetnografía, con el propósito de describir las prácticas inventivas en la Educación OnLIFE. Los principales resultados indican un alto nivel de compromiso y motivación de los estudiantes, lo que demuestra el potencial de las prácticas inventivas asociadas a las Tecnologías Digitales para superar enfoques tradicionales y valorar los saberes locales. Estos resultados se observaron incluso frente a desafíos estructurales, como la falta de conectividad y de tecnologías adecuadas para el territorio, lo que evidencia las limitaciones impuestas por la carencia de infraestructura en contextos rurales. Se puede concluir que las prácticas inventivas y las Tecnologías Digitales, en efecto, potencian la perspectiva de la Educación del Campo; sin embargo, su efectividad depende del enfrentamiento de las deficiencias de infraestructura.
Palabras-clave: prácticas inventivas, tecnologías digitales, educación rural, cartografia, autoetnografía.
Downloads
Referências
Alhasan, K., Alhasan, K., & Hashimi, S. A. (2023). Roblox in higher education: Opportunities, challenges, and future directions for multimedia learning. International Journal of Emerging Technologies in Learning (iJET), 18(19), 32–46.
Almeida, L. (2024). Inserção das tecnologias digitais nas escolas situadas no campo: Um protocolo para a prática pedagógica (Tese de Doutorado). Centro Universitário Internacional UNINTER, Curitiba.
Alvarez, J., & Passos, E. (2015). Cartografar é habitar um território existencial. In Passos, E. Kastrup, V. & Escóssia, L. (Orgs.). Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade (pp. 131-149). Porto Alegre: Editora Sulina.
Arroyo, M. G. (2007). Políticas de formação de educadores(as) do campo. Cadernos CEDES, 27, 157–176.
Arroyo, M. G. (2010). Políticas educacionais e desigualdades: À procura de novos significados. Educação & Sociedade, 31, 1381–1416.
Barros, Á. (2024). Representações sociais das tecnologias digitais e suas relações com educação no campo: Desafios e oportunidades. ETS EDUCARE – Revista de Educação e Ensino, 2(2), 31–55. DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.1056253.
Barros, L. P. de, & Kastrup, V. (2015). Cartografar é acompanhar processos. In Passos, E. Kastrup, V., & Escóssia, L. (Orgs.). Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade (pp. 52-75). Porto Alegre: Editora Sulina.
Caldart, R. S. (2002). Por uma educação do campo: traços de uma identidade em construção. In Kolling, E. J., Cerioli, P. R., & Caldart, R. S (Orgs.). Educação do campo: Identidade e políticas públicas. Brasília DF.
Caldart, R. S. (2004). Elementos para construção do projeto político e pedagógico da educação do campo. In Molina, M. C., & Jesus, S. M. S. A. (Orgs.). Por uma educação do campo: Contribuições para a construção de um projeto de educação do campo (5ª ed., pp. 10–31). Brasília, DF.
Caldart, R. S. (2012). Educação do campo. In Caldart, R. S. Pereira, I. B., & Frigotto, P. A. G. (Orgs.). Dicionário da educação do campo. (Vol. 2, pp. 257–265), Rio de Janeiro.
Chagas, R. R., & Pasuch, J. (2016). Práticas pedagógicas na alfabetização de uma turma multisseriada no campo. Eventos Pedagógicos, 7(3), 1577–1603.
Ciriaco, D. (2009, 15 de junho). O que é stop motion? [Web log post] TecMundo. Recuperado de: https://www.tecmundo.com.br/player-de-video/2247-o-que-e-stop-motion-.htm.
Correia, M. da C. B. (2009). A observação participante enquanto técnica de investigação. Pensar Enfermagem, 13(2), 30–36.
Deleuze, G., & Guattari, F. (1995). Mil platôs (Vol. 1). Rio de Janeiro: Ed. 34 Letras.
Di Felice, M. (2020). A cidadania digital: a crise da ideia ocidental de democracia e a participação nas redes digitais. São Paulo: Paulus.
Fernandes, B. M., & Molina, M. C. (2004). In Molina, M. C., & Jesus, S. M. (Orgs.). Por uma educação do campo: Contribuições para a construção de um projeto de educação do campo (5ª ed., pp. 32–52). Brasília, DF: Articulação Nacional “Por uma Educação do Campo”.
Floridi, L. (2015). The Onlife manifesto: Being human in a hyperconnected era. Springer Nature.
Habowski, A. C., Conte, E., & Jung, H. S. (2018). Reflexões acerca do uso das tecnologias digitais e as juventudes do campo. Cadernos CIMEAC, 8(1), 156–183.
Hage, M. do S. C., & Pereira, A. C. da S. (2024). PIBID e suas implicações nas práticas pedagógicas: Experiências desenvolvidas em escolas públicas e multisseriadas. Editora Dialética.
Johnson, A. (2022, 07 de dezembro). Tudo o que você precisa saber sobre o ChatGPT da OpenAI. Forbes Tech. Recuperado de: https://forbes.com.br/forbes-tech/2022/12/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-chatgpt-da-openai/
Kastrup, V. (2001). Aprendizagem, arte e invenção. Psicologia em Estudo, 6(1), 17–27.
Kastrup, V. (2004). A aprendizagem da atenção na cognição inventiva. Psicologia & Sociedade, 16, pp. 7–16.
Kastrup, V. (2015). O funcionamento da atenção no trabalho do cartógrafo. In Passos, E. Kastrup, V., & Escóssia, L. (Orgs.). Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade (pp. 32-51). Porto Alegre: Editora Sulina.
Kolling, E. J., Cerioli, P. R., & Caldart, R. S. (2002). Educação do campo: Identidade e políticas públicas. Brasília DF.
Lei nº 14.533, de 11 de janeiro de 2023. (2023, 11 de janeiro). Política Nacional de Educação Digital. Recuperado de: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/l14533.htm
Maia, L. M. S. S., & Silva, L. P. G. (2024). Práticas pedagógicas contextualizadas e inovadoras no ensino de ciências em escola em escola rural do interior de Pernambuco. Journal of Media Critiques, 10(26), e55-e55.
Moreira, J. A., & Schlemmer, E. (2020). Por um novo conceito e paradigma de educação digital onlife. Revista UFG, 20(26). DOI: https://doi.org/10.5216/revufg.v20.63438
Munarim, I. (2014). As tecnologias digitais nas escolas do campo: Contextos, desafios e possibilidades (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina.
Passos, E., & Barros, R., B. de. (2015). A cartografia como método de pesquisa-intervenção. In Passos, E., Kastrup, V., & Escóssia, L. da. (Orgs.). Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade (pp. 17-31). Editora Sulina.
Passos, E., Kastrup, V., & Escóssia, L. da. (2015). Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Editora Sulina.
Pinto, A. V. (2005). O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto.
Rocha, M. L. da, & Aguiar, K. F. de. (2003). Pesquisa-intervenção e a produção de novas análises. Psicologia: Ciência e Profissão, 23, 64–73.
Santos, S. M. A. (2017). O método da autoetnografia na pesquisa sociológica: Atores, perspectivas e desafios. Plural: Revista de Ciências Sociais, 24(1), 214–241.
Schlemmer, E., Felice, M. D., & Serra, I. M. R. de S. (2020). Educação OnLIFE: A dimensão ecológica das arquiteturas digitais de aprendizagem. Educar em Revista, 36, e76120.
Torres, T. Z., Garofolo, A. C. S., Souza, M. I. F., & Amâncio, C. G. O. (2013). As tecnologias digitais no fluxo informacional do espaço rural brasileiro. In III Congresso Internacional de Cidades Criativas (Vol. 3, pp. 1219–1236). Campinas.
Viero, V. C., & Silveira, A. C. M. da. (2011). Apropriação de tecnologias de informação e comunicação no meio rural brasileiro. Cadernos de Ciência & Tecnologia, 28(1), 257–277.
Yin, R. K. (2016). Pesquisa qualitativa: Do início ao fim. Porto Alegre: Editora Penso.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Izabela Soares de Souza, Fábia Magali Santos Vieira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Proposta de Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Proposal for Copyright Notice Creative Commons
1. Policy Proposal to Open Access Journals
Authors who publish with this journal agree to the following terms:
A. Authors retain copyright and grant the journal right of first publication with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License that allows sharing the work with recognition of its initial publication in this journal.
B. Authors are able to take on additional contracts separately, non-exclusive distribution of the version of the paper published in this journal (ex .: publish in institutional repository or as a book), with an acknowledgment of its initial publication in this journal.
C. Authors are permitted and encouraged to post their work online (eg .: in institutional repositories or on their website) at any point before or during the editorial process, as it can lead to productive exchanges, as well as increase the impact and the citation of published work (See the Effect of Open Access).





